1- Quem foi Luís de Camões

Atribuem-se-lhe vários desterros, sendo um para Ceuta, onde se bateu como soldado e em combate perdeu o olho direito - perda referida na Canção Lembrança da Longa Saudade - e outro para Constância, entre 1547 e 1550, obrigado, diz-se, por ofensas a uma certa dama da corte.
Depois de regressado a Lisboa, foi preso, em 1552, em consequência de uma rixa com um funcionário da Corte, e metido na cadeia do Tronco. Saiu logo no ano seguinte, inteiramente perdoado pelo agredido e pelo rei, conforme se lê numa carta enviada da Índia, para onde partiu nesse mesmo ano, quer para mais facilmente obter perdão quer para se libertar da vida lisboeta, que o não contentava.
Segundo alguns autores, terá sido por essa altura que compôs o primeiro canto de Os Lusíadas.
Na Índia parece não ter sido feliz. Goa decepcionou-o, como se pode ler no soneto Cá nesta Babilónia donde mana. Tomou parte em várias expedições militares e, numa delas, no Cabo Guardafui, escreveu uma das mais belas canções: Junto dum seco, fero e estéril monte. Viajou de seguida para Macau, onde exerceu o cargo de provedor-mor de defuntos e ausentes, e escreveu, na gruta hoje reconhecida pelo seu nome, mais seis Cantos do famoso poema épico. Voltou a Goa, naufragou na viagem na foz do Rio Mecom, mas salvou-se, nadando com um braço e erguendo com o outro, acima das vagas, o manuscrito da imortal epopeia, facto documentado no Canto X, 128. Nesse naufrágio viu morrer a sua "Dinamene", rapariga chinesa que se lhe tinha afeiçoado. A esta fatídica morte dedicou os famosos sonetos do ciclo Dinamene, entre os quais se destaca Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste. Em Goa sofreu caluniosas acusações, dolorosas perseguições e duros trabalhos, vindo Diogo do Couto a encontrá-lo em Moçambique, em 1568, "tão pobre que comia de amigos", trabalhando n''Os Lusíadas e no seu Parnaso, "livro de muita erudição, doutrina e filosofia", segundo o mesmo autor.
Em 1569, após 16 anos de desterro, regressou a Lisboa, tendo os seus amigos pago as dívidas e comprado o passaporte. Só três anos mais tarde conseguiu obter a publicação da primeira edição de Os Lusíadas, que lhe valeu de D. Sebastião, a quem era dedicado, uma tença anual de 15 000 réis pelo prazo de três anos e renovado pela última vez em 1582 a favor de sua mãe, que lhe sobreviveu.
Os últimos anos de Camões foram amargurados pela doença e pela miséria. Reza a tradição que se não morreu de fome foi devido à solicitude de um escravo Jau, trazido da Índia, que ia de noite, sem o Poeta saber, mendigar de porta em porta o pão do dia seguinte. O certo é que morreu a 10 de Junho de 1580, sendo o seu enterro feito a expensas de uma instituição de beneficência, a Companhia dos Cortesãos. Um fidalgo letrado seu amigo mandou inscrever-lhe na campa rasa um epitáfio significativo: "Aqui jaz Luís de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu."
Se a escassez de documentos e os registos autobiográficos da sua obra ajudaram a construir uma imagem lendária de poeta miserável, exilado e infeliz no amor, que foi exaltada pelos românticos (Camões, o poeta maldito, vítima do destino, incompreendido, abandonado pelo amor e solitário), uma outra faceta ressalta da sua vida. Camões terá sido de facto um homem determinado, humanista, pensador, viajado, aventureiro, experiente, que se deslumbrou com a descoberta de novos mundos e de "Outro ser civilizacional". Por isso, diz Jorge de Sena: "Se pouco sabemos de Caes, biograficamente falando, tudo sabemos da sua persona poética, já que não muitos poetas em qualquer tempo transformaram a sua própria experiência e pensamento numa tal reveladora obra de arte como a poesia de Camões é."
A 10 de Junho, comemora-se o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
2- O que foi o Renascimento?
O Renascimento, também designado por Renascença, foi um período da história da Europa, entre os fins do século XIII e meados do século XVII. Este período foi marcado por transformações culturais, sociais, económicas, políticas e religiosas, também atingiu a Filosofia, as Artes e as Ciências, que assinalaram o final da Idade Média e o inicio da Idade Moderna.
Deram-lhe o nome de “Renascimento” devido a redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que conduziram as mudanças deste período em direcção a um ideal humanista e naturalista.
O Renascimento manifestou-se primeiro na região da Toscana, tendo como principais centros de cidades de Florença e Siena, de onde se espalhou para o resto da Península Itálica e depois para os países da Europa Ocidental. A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento apresentou maior expressão, porém manifestações renascentistas de grande importância também ocorreram na Inglaterra, Alemanha, Países Baixos, Portugal e Espanha.
O Renascimento divide-se em quatro fases: uma das fases é o Trecento, correspondente ao século XIV, que representa a preparação para o Renascimento e é um fenómeno italiano, da cidade de Florença, que é um pólo político, económico e cultural da região. Tem a característica do rompimento com imobilismo e a hierarquia da pintura medieval e a valorização do individualismo e dos detalhes humanos. A outra das fases é o Quattrocento, correspondente ao século XV, nesta fase o Renascimento espalha-se pela Península Itálica, atingindo o seu ápice. Na fase Quattrocento actuam vários artistas como, Masaccio, Mantegna, Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael e Michelangelo. Tem a característica de inspiração greco-romana, racionalismo e o experimentalismo.
A última fase é o Cinquecento, corresponde ao século XVI, torna-se um movimento universal europeu. Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra reforma instaura o Barroco com estilo oficial da Igreja Católica.
Nas área das artes o Renascimento caracterizou-se pela inspiração nos antigos gregos e romanos e da imitação da natureza, tendo o homem um lugar privilegiado. Na área da pintura a maior conquista foi a recuperação da perspectiva, representando a paisagem, as arquitecturas e o ser humano através de relações geométricas. Na fase Quattrocento as representações da figura humana adquiriram solidez, poder, reflectindo o sentimento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava muito rica e complexa. Na área da música foi a consolidação do sistema tonal, mostrando uma ilustração mais convincente das emoções e do movimento. O Renascimento foi também um período de renovação no tratamento da voz e na orquestração, no instrumental e na consolidação dos géneros e formas instrumentais. Na área da arquitectura foi a redução das construções para uma dimensão mais humana. Mas na fase Trecento o gótico continuou a dominar e o classicismo só apareceu com força no século seguinte. Na literatura a introdução de uma personagem que estruturava em torno de si a narrativa e mimetizava até onde possível a noção de sujeito.
O Renascimento em Portugal acontece entre os meados do século XV e finais do século XVI. Em Portugal o Renascimento nasce principalmente em termos artísticos, da mistura do estilo gótico final com as inovações do século XV.
A descoberta de novos mundos e o contacto com outras civilizações levaram a uma miscigenação cultural que se reflectiria na arte.
Os Descobrimentos desempenharam um papel muito importante na definição de Portugal renascentista. A economia portuguesa continuava a assegurar na agricultura, extracção de sal, pesca, nas exportações de vinho, azeite, fruta, mel, cortiça e madeira.
O Renascimento em Portugal der-se-ia caracterizado por um cosmopolitismo com duas vertentes, uma europeia e outra ultramarina. Os portugueses frequentavam os centros universitários europeus, pólos importantes dos novos ideais humanistas, como os de Itália, Espanha e França. Na mesma altura viriam artistas italianos, flamengos e franceses a trabalharem no nosso país. Na mesma altura obras de autores portugueses foram impressas no estrangeiro.
A arte, escultura, pintura, arquitectura, iluminadura, ourivesaria, porcelanas, mobiliário e tapeçarias, reflecte contactos através do mar, da náutica, dos povos. A arquitectura dessa época assume um carácter muito nacional, o manuelino. O estilo manuelino é um tipo decorativo que surge em Portugal nos finais do século XV e inícios do século XVI, durante o reinado de D. Manuel I. Essa variante gótica nacional recebe a designação de manuelino.
O aparecimento de uma nova literatura e o aperfeiçoamento da ciência náutica e a experiência de vida dos portugueses, no que respeita à epopeia dos Descobrimentos, constitui um dos pilares socioculturais do Renascimento português.
Toda a sociedade é atraída pela expansão ultramarina, ao mesmo tempo que nas grandes cidades e na província surgem homens de várias nacionalidades com profissões específicas, que contribuíram para a constante aprendizagem e evolução do pensamento nacional, cruzando-se muitas vezes religiões, importando-se livros e objectos de arte que influenciam uma nova mentalidade, a do Homem renascentista ou humanista.
3- Quais as características do Classicismo?
Com a queda do Império Romano, a Europa entrou num novo período histórico, a idade média. Tendo em conta a evolução da humanidade, vários historiadores encaram esta época, como impeditiva para o progresso da raça humana, tanto na perspectiva intelectual como também cultural.
Porém com o surgimento de uma nova mentalidade, o Renascimento, a cultura greco-romana foi apreciada como apogeu da civilização. Os artistas passaram a inspirar-se nesta e nos seus exemplos, pois acreditavam que eram o expoente máximo dos ideais de beleza. Assim podemos considerar uma obra de arte clássica, quando esta respeita o rigor das formas, baseadas na harmonia, no equilíbrio e na proporção. Para além disto conferiam também uma maior importância às faculdades intelectuais de forma a atingir a harmonia perfeita entre razão e emoção. Acreditavam ainda que a felicidade e a perfeição humana eram uma meta possível neste mundo e não numa pós-vida.
Já tendo em conta a globalidade desta doutrina é possível delinear algumas características que moldam as vertentes das artes inseridas no classicismo.
Em oposição ao teocentrismo, particular da idade média, basicamente o antropocentrismo coloca em vez de deus, o homem como foco de todas as atenções. Contudo não deixa de haver a presença de entidades divinas, onde o regresso da mitologia greco-romana, convive de forma natural com as tradições cristãs herdadas da idade média. Os poetas como também serve de exemplo Luís de Camões, recorriam nas suas obras à religião pagã de forma a obter inspiração, exemplificar comportamentos e simbolizar emoções.
Exclusivamente no campo da literatura, as características do classicismo conferiam normas rígidas a serem seguidas pelos autores. Assim temos formas poéticas como o soneto, a ode, a elegia, a écloga e a epopeia.
Em tom de curiosidade é importante referir que o termo classicismo, passou a implicar a postulação da validade absoluta da arte da antiguidade greco-romana.
4- O que é o paganismo?

Muitos equívocos são propagados quanto ao real sentido da palavra "paganismo", por dicionários, enciclopédias e até mesmo por seus seguidores. Em alguns casos, o termo pagão é empregue como sinónimo de não-cristão - o que é um grande erro, pois assim se incluiriam religiões como o Judaísmo, o Islão e outras, as quais não possuem componentes distintamente "pagãos" no sentido real da palavra - ou seja, de respeito à Natureza. Em outros verbetes, um "pagão" é aquele que ainda não foi baptizado no cristianismo. Em outros mais, os termos "paganismo" e "ateísmo" são confundidos, pois ateu é aquele que não crê em nada, não possui religião - bem diferente da noção de paganismo enquanto caminho religioso.
Mas quem são os pagãos? Originalmente, esse termo era empregue para diferenciar os seguidores das religiões da Terra, dos muitos deuses e deusas da Natureza. É este o sentido que adoptamos quando utilizamos o termo "paganismo". Assim, costumamos nos referir às culturas pré-cristãs da Europa e das Américas (apenas como exemplos clássicos) como "culturas pagãs". Poucas pessoas hoje em dia ainda mantêm um contacto directo com as tradições originais do Paganismo, daí a necessidade de se diferenciar o Paganismo original - surgido na Antiguidade - do novo paganismo, representado por diversas correntes recentes. Para que tal diferenciação seja bem clara e cristalina, muitos autores e pesquisadores optam por utilizar o termo neo-pagão, ou seja, os novos pagãos - aqueles que seguem tradições filosófico-espirituais inspiradas nos ensinamentos e valores das Antigas Religiões.
Fontes:
wikipédia; café historia
5- Quais as principais temáticas da obra?
Tendo em conta a globalidade da epopeia, Os Lusíadas, é possível aferir três temas principais.
Tendo em conta uma perspectiva de importância, logicamente que o primeiro tema é o da narração da viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia (1497-1499) por Vasco da Gama. Neste caso, Camões tendo um distanciamento temporal pode incutir a importância deste feito português tanto para a História de Portugal como para a Europeia. É de realçar que é através deste tema que são desencadeados os outros dois. Um devido ao alcance da magnitude deste feito e outro para contar a história deste povo herói.

Por último Camões dá a conhecer a História deste nobre povo, referindo todos os acontecimentos e figuras com o intuito de justificar o valor dos portugueses ao longo dos tempos. Assim introduz duas narrativas: A primeira onde Vasco da Gama dá a conhecer ao rei de Melinde onde fica Portugal na Europa, a sua História até ao reinado de D. Manuel e inclusive a própria viagem de descobrimento referindo o início da partida das naus no célebre episódio do Velho do Restelo.
A segunda já em Calecut onde uma personagem hindu, Catual, intrigado ao observar a nau de Paulo da Gama enfeitada com bandeiras e tapeçarias alusivas a figuras históricas portuguesas decide então questiona-los do propósito de tal decoração. Aqui Camões serve-se do irmão de Vasco da Gama para narrar mais episódios da História de Portugal, tais como, um dos mais belos poemas líricos ao longo da epopeia, o da morte de Inês de Castro.
6- Em que consiste o Humanismo Renascentista?
O interesse pelo mundo clássico transbordou rapidamente da literatura para outras disciplinas – para a arquitectura e para a escultura, por exemplo, para a musica e para ciência. E surgiu uma filosofia baseada em todas as ideias clássicas; chamava-se Humanismo e renunciava à ênfase medieval dada a Deus e à teologia. Revolucionária observação, que conclama a um antropocentrismo em contrapartida ao teocentrismo que grassou por cerca de um milénio na Europa Ocidental. O Homem é a peça-chave, o Homem é inclusive comparado ao Todo-Poderoso já no sentido de colocar a nova mundividência em vigor. Segundo aos humanistas, muitos devotos cristãos, só podia haver um ponto de partida para o raciocínio intelectual: studia humanitatis, o estudo dos seres humanos e das suas capacidades.
Em nenhum outro local este renascimento cultural foi mais espectacular do que em Florença, «a cidade das flores». Fundada em 59 a.C. como uma colónia romana numa margem do rio Arno, Florença já dominava, no século xv, toda a província da Toscana e grande parte da Itália Central.
Foi ainda a cidade onde trabalharam uma quantidade de génios: os escultores Donatello e Miguel Ângelo; os arquitectos Brunelleschi e Alberti; o escritor Maquiavel; os pintores Masaccio e da Vinci. Por último, mas não menos importante, Florença foi a cidade natal dos Médicis, uma família que durante 3 gerações produziu os mais destacados mecenas de arte e do ensino humanista. O Renascimento foi, de certa forma, a expressão de um movimento humanista nas Artes, Letras, Filosofia e Ciência, constituindo-se, segundo R. Mousnier, em um “prodigioso desabrochar da vida sob todas as suas formas, que teve de um modo geral suas maiores manifestações de 1490 a 1560, mas que não está preso dentro destes limites. Então, um afluxo de vitalidade fez vibrar toda a humanidade europeia. Toda a civilização da Europa transformou-se em consequência. Em sentido estreito, o Renascimento é esse elã vital nos trabalhos do espírito. É menos uma doutrina, um sistema, que um conjunto de aspirações, uma impulsão interior que transformou a vida da inteligência e a dos sentidos, o saber e a arte”.
Fontes:
Vida e Sociedade no renascimento, Time Life Books, Verbo; culturabrasil.pro.br .
7- O que são versos alenxandrinos?
São versos compostos por doze sílabas métricas, divididas em duas metades, chamados de hemistiquios, devendo haver no fim do primeiro, uma pausa ou censura. É o segundo verso mais longo, em estrofes isométricas, quando os versos de uma estrofe ou de um poema apresentam o mesmo número de sílabas métricas.
Os versos Alexandrinos também são conhecidos como Alexandrino Clássico ou Alexandrino Francês e estão presentes em poesias muito trabalhadas gramática e foneticamente.
O nome de Alexandrino provém do antigo poema francês Alexandre le Grand, composto por volta de 1180 por Lambert le Tort e Alexandre de Bernai. É o ritmo da poesia heróica e épica francesa, onde aparece com doze silabas e cesura depois da sexta. Na língua espanhola foi utilizado pelos poetas medievais da classe clerical nos séculos XIII e XIV. No século XX reviveram o verso Alexandrino Francês alguns poetas ibéricos como Rubén Dario, Guerra Junqueiro, Antero de Quental e os modernistas.
Na Língua Portuguesa este tipo de verso foi sistematizado por António Feliciano de Castilho e no Brasil o primeiro poeta a utilizar este verso foi o Machado de Assis, ainda no período do Romantismo.
8- O que são versos heroícos?
O verso Heróico é um verso de dez silabas, utilizado por Luís de Camões, tendo sido aclamado como medida por excelência dos poemas heróicos.
Este tipo de verso chegou a Portugal vindo de Itália através de Sá de Miranda e tornou-se assim no verso heróico nacional. A acentuação recai geralmente na sexta e na décima sílaba.
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