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Ponto de encontro de saberes e dúvidas, local de partilha de informação.


quarta-feira, 24 de março de 2010

Mensagem de Fernando Pessoa

Ironicamente podemos temer que já se tenha tornado um aspecto cultural do povo português e talvez com alguns motivos, o de nunca estar contente. Colocamos sempre a situação do país perante o abismo, parece que cimageada ano estamos pior e que nada acontece de positivo.
É desta forma que ignoramos o bom que temos e o que muitos ambicionavam ter. Mas quando hoje falamos de Portugal estar atrasado em várias vertentes, é difícil imaginar o profundo sentimento de tristeza que um indivíduo que amava profundamente a sua pátria, sofreu quanto este atraso era de facto evidente.
É com a obra Mensagem, a única escrita em português publicada em vida do autor, que Fernando Pessoa consciente das capacidades e dos feitos do seu povo, vem através de um conjunto de poemas enriquecidos por símbolos e mitos, relembrar a todos os portugueses, os heróis que criaram este país, o seu auge, e o mito do Quinto Império, onde Portugal iria renascer numa época de paz e conduzir culturalmente o mundo.  
"Aqueles portugueses do futuro, para quem porventura estas páginas encerrem qualquer lição, ou contenham qualquer esclarecimento, não devem esquecer que elas foram escritas numa época da Pátria em que havia minguado a estatura nacional dos homens e falido a panaceia abstracta dos sistemas. A angústia e a inquietação de quem as escreveu, porque as escreveu quando não podia haver senão inquietação e angústia, devem ser pesadas na mão esquerda, quando se tome, na mão direita, o peso ao seu valor científico.
            Serão, talvez e oxalá, habitantes de um período mais feliz […] aqueles que lerem, aproveitando estas páginas arrancadas, na mágoa de um presente infeliz, à saudade imensa de um futuro melhor."
Fernando Pessoa, Da República, Ed. Ática, Lisboa, p. 105

- Estrutura da externa da obra
            “Mensagem” é composto por 44 poemas, que estão divididas em três partes: Brasão, Mar Português e O Encoberto.
1ª Parte (subdivisão em 5 partes)  «Brasão» ”Belum sine Bello”
I.
“Os Campos”
(= 2 escudos)
1º O dos Castelos
2º O das Quinas
II.
“Os Castelos”
(7 castelos)
1º Ulisses
2º Viriato
3º O Conde D. Henrique52032
4º D. Tareja
5º D. Afonso Henriques
6º D. Dinis
7º (I.) D. João, o Primeiro
7º (II.) D. Filipa de Lencastre
III.
“As Quinas”
(5 quinas)
1ª D. Duarte rei de Portugal
2ª D. Fernando Infante de Portugal
3ª D. Pedro Regente de Portugal
4ª D. João Infante de Portugal
5ª D. Sebastião Rei de Portugal
IV.
“A Coroa”
Nun’Álvares Pereira
V.
“O Timbre” 1
A cabeça do Grifo 2, O Infante D. Henrique
Uma asa do Grifo, D. João o Segundo
A outra asa do Grifo, Afonso de Albuquerque
2ª Parte (subdivisão em 12 partes) «Mar Português» “Possessio maris”
Sucessão entre o Império Material (Descobrimentos) e o Império Espiritual (Quinto Império)
I. O Infante
II. Horizonte
III. Padrãobelem_padrao_dos_descobrimentos_3b
IV. O Mostrengo
V. Epitáfio de Bartolomeu Dias
VI. Os Colombos
VII. Ocidente 
VIII. Fernão de Magalhães
IX. Ascensão de Vasco da Gama
X. Mar Português
XI. A Última Nau
XII. Prece
3ª Parte (subdivisão em 3 partes estrutura triádica) «O Encoberto» ”Pax in Excelsis”
I.
“Os Símbolos”
1º D. Sebastião
2º O Quinto Império
3º O Desejado
4º As Ilhas Afortunadas
5º O Encoberto
II.
“Os Avisos”
1º O Bandarra
2º António Vieira
3º (sem título)
«’Screvo meu livro à beira-mágoa»Desejado
III.
“Os Tempos”
1º Noite
2º Tormenta
3º Calma
4º Antemanhã
5º Nevoeiro
“Valete, Fratre”
- Estrutura interna da obra
Podemos considerar na estrutura interna de Mensagem a teoria cíclica das idades, (nascimento, vida, morte e renascimento) atribuída a Portugal.
Na primeira parte de Mensagem, Brasão, referem-se mitos e figuras históricas de Portugal, até D. Sebastião, que são elementos de heráldica (campos, castelos, quinas, coroa, timbre) presentes no brasão português. Pretende-se passar a imagem de um Portugal erguido à custa do esforço dedicado de muitos heróis, que agiram muitas vezes estimulados por forças sobrenaturais. Um Portugal reservado a grande feitos, que tem como “cabeça de grifo” o Infante D. Henrique (que simboliza a sabedoria que permite a criação) e como suas asas D. João II e Afonso de Albuquerque (que simboliza a conquista de um estádio sobre - humano), as três personalidades mais determinantes na formação do império, na sua consumação e na sua consolidação. Um Portugal que há-de ser o rosto da Europa.
Na segunda parte, Mar Português, refere-se a personalidades e factos dos descobrimentos portugueses, sempre encarados na perspectiva de missão que competia a Portugal cumprir. É destaque a importância universal que os descobrimentos portugueses implicaram, e os esforços sobre-humanos que foi preciso desenvolver na luta contra os elementos naturais, opostos e desconhecidos.
Na terceira parte, O Encoberto, que refere que Portugal parece estar encerrado numa prisão, está envolto em trevas, está a entristecer. Mas um novo império vai-se erguer, anunciado pelos símbolos e pelos visos. O povo que se mostra entristecido, vai mudar para outro povo que erguerá uma outra Pátria. Mas só com a loucura e a humildade dos heróis será possível pôr esse sonho de pé. É um novo herói, O Encoberto, que vai transformar o medíocre em grandioso e guiar a pátria portuguesa no caminho da dignidade merecida, mas que ainda não lhe vai ser possível alcançar.
Desta forma é possível atribuir o “Brasão” ao nascimento, o “Mar Português” à vida e à morte e por fim “O Encoberto” como renascimento.
- Simbologia de Mensagem
“Publiquei em Outubro passado, pus à venda, propositadamente, em 1 de Dezembro, um livro de poemas, formando realmente um só poema, intitulado Mensagem. Foi esse livro premiado, em condições especiais e para mim muito honrosas, pelo Secretariado da Propaganda Nacional.
Fernando Pessoa, Obras em Prosa, org. João Gaspar Simões, 5.º vol., Ed. Círculo de Leitores, Lisboa, 1987, p. 217
Fernando Pessoa quando escreveu a “Mensagem”, tinha a consciência da divisão que fez do poema e assim atribuiu um significado próprio.
O número um aparece logo na primeira parte, no Brasão, em A Coroa (Nuno Álvares Pereira). Simboliza a unidade, o centro onde coexistem as forças antitéticas, de uma forma harmónica, entre o consciente e o inconsciente, realizando a união dos contrários. Simboliza o ser.
O número dois que se apresenta nos Os Campos, nos poemas O dos Castelos e O das Quinas, simboliza a divisão, prevê a dualidade, seja ela expressão de contrários ou de complementaridade. Resume a contradição da existência: a vida e a morte (onde os dois poemas se inserem).
O número três (as partes em que Mensagem se divide), remete para a união entre Deus, o Universo e o Homem, representa a totalidade. Está ligado também a Cristo, esta figura concentra três vertentes: a de rei, a de padre e a de profeta. Corresponde, também, ao conjunto de poemas intitulados por Timbre (as personagens míticas cumprem o padrão do rei e do Padre, pelo seu poder e pela sua Espiritualidade), e por Os Avisos (cumprem a função de vidente do anúncio do Quinto Império).
Este número representa as fases da existência: o nascimento, o crescimento e a morte. Mensagem liga-se simbolicamente ao ciclo da vida, Brasão conota o nascimento da Nação, Mar Português evidencia o seu crescimento e o seu momento áureo histórico e o Encoberto divulga a morte.
O número cinco simboliza o número da ordem, do equilíbrio e da harmonia. Significa a perfeição.
Este número aparece em três conjuntos de poemas: As Quinas, Os Símbolos e Os Tempos. No primeiro, o número cinco, simboliza as cinco chagas de Cristo, o sofrimento para a salvação da Humanidade. No segundo, incluem cinco poemas, em que os valores simbólicos assumem maior relevo. No último, Os Tempos, anuncia-se já o terminar de um ciclo e inicia-se ao início de outro, que instaurará a Ordem.
O número sete corresponde a um período temporal unificante. Simboliza a totalidade das energias, após o fim de um ciclo.
Os Castelos são compostos por sete poemas, liga-se à renovação de um ciclo que se inicia com os filhos de D. Filipa de Lencastre e termina com D. Sebastião.
O sete é um número mágico, está associado ao poder e ao acto de criação.
O sétimo dia que, segundo a Bíblia, foi aquele que Deus descansou, depois de ter criado o mundo, aponta para a relação entre Deus e o Homem e em Mensagem está presente essa associação.
O número oito é o número das pontas da Cruz da Ordem de Cristo, a cruz que as caravelas ostentavam. Oito letras tem Portugal e oito letras tem Mensagem.
O número doze é o da cidade santa, situada no céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze portas e na qual terão lugar os doze apóstolos. Estes significam a eleição de um novo povo e divulgam outra forma de estar no universo: aquele que se baseia na fidelidade a Cristo.
Doze é o símbolo de mudanças operadas no interior do ser humano e da evolução do universo. Marca o final de um ciclo evolutivo, ao qual se sucede a morte, que dá lugar ao renascimento.
Mar Português é composto por doze poemas, encerra um ciclo, um período áureo da História Nacional e segue-se quatro séculos de trevas, que estão presentes no Encoberto.

- Temáticas da Obra
Podemos definir quatro diferentes temáticas recorrentes ao longo da obra Mensagem de Fernando Pessoa, sendo estas:

- O carácter épico-lírico
Da mesma forma que uma epopeia, a Mensagem também parte de um núcleo histórico (heróis, pessoas-chave e acontecimentos da História de Portugal) mas numa dimensão subjectiva e introspectiva próprias do lirismo.

- O Mito
De forma a enriquecer a obra estas figuras e acontecimentos, próprios do núcleo histórico, são por sua vez convertidos em símbolos e mitos.
Um bom exemplo é o oxímoro com que se inicia o poema Ulisses: “O mito é o nada que é tudo”.
É factual que algo que não existe, como o mito, tem uma enorme força, servindo de muitas explicações lendárias que entram na realidade.

- Sebastianismo
D. Sebastião cujo cognome, O Desejado, tornou-se herdeiro ao trono após a morte de seu pai, sucedendo a seu avô D. João III. Aliado a este facto, surgem outros que dão um clima messiânico a esta figura. A morte deste jovem rei e o desaparecimento do corpo, originou uma lenda entre o povo português que na “ténue” perda de independência de Portugal, durante a dinastia Filipina, D. Sebastião surgia numa manhã de nevoeiro garantindo mais uma vez, a salvação e a independência de Portugal.
Pessoa aproveita desta forma este herói, mito e símbolo na figura de O Encoberto que vem governar o Quinto Império.

- Quinto Império: império espiritual
Esta é a derradeira mensagem de Pessoa, uma mensagem de esperança para o povo português que também surge como um mito e um símbolo próprios desta crença.
Contextualmente Portugal outrora um império tem como destino voltar a sê-lo, mas desta vez no domínio espiritual.
“E a nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos… “A Mensagem contém, pois, um apelo futuro”.
 

Fonte: http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/portugues/12portofolio1/12portofolio1aw.htm

terça-feira, 23 de março de 2010

Mensagem de Fernando Pessoa

Uma breve introdução à obra A Mensagem de Fernando Pessoa:

Na obra Mensagem, poema simbólico e mítico de linguagem épico-lírica, o poeta descobre a essência da Pátria, desde a sua formação até à sua actualidade, sua contemporânea.
Segundo Pessoa, Portugal teria um destino divino a cumprir: orientar espiritual e culturalmente as outras nações do mundo, concretizando, assim, o Quinto Império.
Depois das glórias do passado, Fernando Pessoa afirma que Portugal tem uma missão mais ousada, mais nobre, mais sublime: conduzir os povos nas dimensões espiritual (busca de novos valores - Amor, Fé, Patriotismo) e cultural (difusão das múltiplas manifestações da arte-literatura, poesia e outras).
Mensagem foi a única obra publicada durante a vida de Fernando Pessoa (1934).



Temáticas da obra A Mensagem:

Brasão: Trata da formação de Portugal e do seu crescimento e corresponde também ao renascimento, com referência aos mitos e figuras históricas, até D.Sebastião, identificadas nos elementos dos brasões.
Dá-nos conta do Portugal erguido pelo esforço dos hérois e destinado a grandes feitos.

Mar português: Trata de expansão plena de Portugal, da sua missão e acção no mundo, cujo o acontecimento foram os Descobrimentos que exigiram uma luta contra o desconhecido e os elementos naturais.

O Encoberto: Aparece a desintegração, havendo, por isso, um presente de sofrimento e de mágoa, pois "falta cumprir-se Portugal". É preciso acontecer a regeneração, que será anunciada por símbolos e avisos.


- A glorificação da Pátria

- Valorização dos heróis nacionais

- O Sebastianismo

- O Quinto Império


Estrutura externa e interna da obra A Mensagem:

Estrutura Externa:

- Mega-poema: 44 poemas

- Poemas: 2, 3, 5 estrofes

- Estrofes: 4, 5, 6, 9 versos

- Métrica: Irregular(versos decassílabos, rebondilha maior e menor)

- Divisão em três partes:

* Brasão: 19 poemas(agrupados em 5 partes)

* Mar Português: 12 poemas

* O Encoberto: 13 poemas(agrupados em 3 partes)


Estrutura Interna:

A primeira parte da Mensagem é constituída por dezanove poemas, organizados em cinco subdivisões, que relacionam temas e personalidades relevantes na formação mítica e histórica de Portugal - reis, príncipes, hérois fundadores de Portugal.
Ao começar esta primeira parte de Brasão, Pessoa soube dar um dos significados etimológicos da palavra" Brasão" - as particularidades e os aspectos únicos que caracterizam um determinado indivíduo, família ou nação. Assim, cada um dos elementos(cores, figuras) representados num Brasão simboliza outras realidades, que poderão ser interpretadas por aqueles que sabem desmontar este código simbólico.
Pessoa, ao estabelecer a relação entre os elementos do brasão português e as personalidades que ele considera em primeiro lugar na nossa história, pretende indiciar certas qualidades do carácter português.
No entanto, as diferenças entre as várias personalidades são ultrapassadas por aquilo que as une, ou seja, pelo que deram de si para que Portugal se cumprisse, quer seguindo o seu natural destino, quer contrariando-o e sacrificando-se pela nação.
O poeta situa os campos do brasão: os castelos e as quinas.
"O dos castelos" é o poema de abertura que situa geograficamente o épico: neste poema, a Europa é perspectivada como uma deusa, da qual Portugal é o rosto.
Este rosto surge mostrando o ocidente, "futuro do passado", ou seja, o rumo seguido pelos descobridores portugueses.
"O das Quinas", o segundo poema, trata do destino do homem que, para se realizar, tem que superar o sofrimento - "Foi com desgraça e com vileza / Que Deus ao Cristo definiu".

A segunda parte da Mensagem, intitulada Mar Português, é constituída por doze poemas que recriam a saga dos Descobrimentos, revelados na epígrafe Possessio Maris(Possíveis Mares), incluindo, uma vez mais, mito e realidade factual. Mar Português contém os heróis que, inspirados e motivados pelos príncipes e reis, foram os protagonistas da expansão ultramarina portuguesa.
A obra das descobertas é essencialmente símbolo de outras descobertas - o império da cultura - pelo que cada um dos elementos é um símbolo.

A terceira parte da mensagem é constituída por treze poemas que traduzem a visão esotérica de Pessoa, aquela que faz a síntese da história, mito e profecia.
A parte histórica situa-se posteriormente ao desastre de Alcácer Quibir(1578) - o primeiro de três factores de decadência de Portugal(1820, implantação de um sistema monárquico descontextualizado da realidade portuguesa, e 1910, implantação da República) e, por isso, esta terceira parte trara do ocultamento gradual de Portugal, pelo que se chama O Encoberto.
Esta terceira parte está toda ela associada à figura do Rei D.Sebastião, ao seu destino e consequente mito.
O poeta inicia esta terceira parte com os símbolos do "Encoberto" : "D.Sebastião", um ideal, porque há uma transmutação da figura histórica em mito - O Sebastianismo; "O Quinto Império", um império indestrutível, porque releva o domínio espiritual; "O Desejado", uma espécie de Messias, à margem de qualquer religião em particular, mas capaz de unificar todas as religiões; "As Ilhas Afortunadas", uma terra sem ter lugar, o mito universal da ilha paradisíaca, a alma de cada português que se identifica com o desejado; "O Encoberto", o último símbolo que exprime o rosa-crucianismo(doutrina que tem por símbolo uma rosa no centro de uma cruz, sendo a cruz os quatro impérios do passado e a rosa o cristo, o Quinto Império) de Pessoa.
Depois, Os Avisos, lançados por três profetas: "Bandarra", António Vieira, um "Terceiro", o próprio poeta, uma síntese dos outros dois profetas do Quinto Império, que, perante a situação dramática e Portugal, interpela o Messias de modo a provocar o seu regresso.
Finalmente, Os Tempos, os cinco ciclos ou momentos desde o ocultamento de D.Sebastião, ou Portugal: a Noite - escuridão inerente ao ocultamento; a Tormenta - a que se segue a calma; a Antemanhã - que ainda não é uma manhã no seu esplendor mas que já a indicia; e Nevoeiro - o último tempo que mostra, simultaneamente, a percepção do estado de decadência de Portugal e e esperança no seu renascer.
Os títulos dos poemas desta última parte remetem todos eles para a natureza espiritual da aventura, da tarefa empreendida pelo poeta - a universalidade do império da cultura portuguesa.
Concluindo, a estrututa triádica de "Mensagem" não se confina a uma preocupação meramente organizacional procurando, sim, espelhar o valor simbólico de uma obra que se quer, desde logo, afirmar como massiânica.


Simbologia:

Água: Fonte e Origem da Vida, Purificação e Retorno.

Ar: Espiritualização,Vento, Sopro, Intermediário entre o Céu e a Terra e Vida Invisivél.

Dia: Nascimento, Crescimento, Plenitude e Declínio da Vida.

Espada: Estado Militar, Bravura, Poder, Destrói mas Restabelece e mantém a Paz e a Justiça.

Fogo: Purificação, Regeneração, Iluminação e Destruição.

Manhã: Luz Pura, Vida Paradisíaca, Confiança no Próprio, nos Outros e na Existência.

Antemamhã: Ainda não é uma manhã no seu espledor, mas que já a indicia.

Noite: Escuridão, Tristeza, Ângustia, Começo da Jornada, Tempo de Gestação e Conspiração, Imagem do Inconsciente, Trevas e Fermento do Futuro.

Mar: Dinâmica da Vida, Nascimento e Transformação.

Morte: Fim absoluto do que é possitivo e / ou vivo, aquilo que desaparece na evolução, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas.

Tormenta: A que segue a calma.

Nevoeiro: O último tempo que mostra, simultaneamente, a percepção do estado de decadência de Portugal e e esperança do seu renascer.

Terra: Substância Universal, Matéria Prima, Função Maternal, Regeneração.

Sonho: Incontrolado, Escapa à vontade do indíviduo, necessário ao equilíbrio biológico e mental.

Pedra: Construção, Sedentarização do Homem, e a Relação entre a Terra e o Céu.

Um: Verticalidade, Criador, Centro Cósmico e Místico, Revelação.

Dois: Oposição, Conflito, Reflexão, Equilíbrio, Esforço e Combate.

Três: Ordem Intelectual e Espiritual, Divino, Unidade do Ser Vivo e Perfeição.

Quatro: Solidez, Sensível, Terrestre, Totalidade e Universalidade.

Cinco: União, Ordem, Harmonia, Equilíbrio, Perfeição, Sentidos, Relação Céu e Terra.

Seis: Prova entre o Bem e o Mal.

Sete: Poder, Pacto entre Deus e o Homem, Plenitude, Perfeição, Equilíbrio, Realização Total, Ciclo Concluído e Consciência da Vida.

Oito: Equilírio Cósmico, Época Eterna, Justiça, Ressurreição e Transfiguração.

Nove: Medida das Gestações, Plenitude, Coroação de Esforços.

Dez: Totalidade, Criação do Universo.

Doze: Divisões Espácio-Temporais, Complexidade do Universo e Ciclo Fechado.

Treze: Mau Prenúncio.

Dezassete: Número Agoirento.


Fontes: http://www.ideiasdeler.pt/
O Essencial de Português 12º Ano Ensino Secundário
Manual de Português 12º Ano Interacções

ESTRUTURA E TEMÀTICA DA OBRA “MENSAGEM” DE FERNANDO PESSOA

            A obra “Mensagem” de Fernando Pessoa foi a única que foi publicada enquanto o mesmo era vivo isto em meados de 1934,uma obra que foi premiada pelo Secretariado de Propaganda Nacional, com o premio Antero de Quental. A mensagem é um conjunto de poesias épico -líricas É constituída por 44 poemas. È uma obra que se encontra divida em três partes, ou seja, é uma obra tripartida, sendo a primeira parte o Brasão (nascimento), a segunda parte o Mar Português (realização) e a terceira parte o Encoberto (morte).
            O Brasão é a fundação da nacionalidade, e a passagem de heróis lendários e imortalizados que ia desde Ulisses a D. Dinis, D.Afonso Henriques ou D. Sebastião.
            O Mar Português, são poemas que estão inspirados na ânsia do desconhecido, que os heróis portugueses tinham no esforço contínuo que realizavam na luta contra o mar.
            O Encoberto é a morte das forças de Portugal que ficou simbolizada no “nevoeiro”, o encoberto apela a construção do Quinto Império.
            A mensagem pode ser visionada como uma epopeia visto que não possui uma continuidade simbolica, mitico e historico. Os herois tem um significado mitilogico, considerados imortais. A obra "Mensagem", apesar de mito, repete a Historia de uma pátria ( como em "Os Lusíadas") que vive sobre o mito de um nascimento, vida e morte dum mundo, ao qual a morte que depois será seguida de um renascimento. Neste obra, só seriao eleitos, só teriam direito a imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos. Assim a estrutura será dada pelo que, noutra ideia ou força desse povo: regresso ao paraíso, realização do impossível, espera de Messias...raízes do desenvolvimento dessa entidade colectiva...A obra "Mensagem" recorre ao ocultismo para criar o herói ao qual nos leva a um sentimento de mistério para a maioria dos mortais.



 SIMBOLOGIA

Água: fonte e origem da vida, purificação, retorno.
Ar: espiritualização, vento, sopro, intermediário entre céu e terra, vida invisível.
Cinzas: morte, penitência, dor.
Dia: nascimento, crescimento, plenitude e declínio da vida.
Espada: estado militar, bravura, poder. Destrói mas restabelece e mantém paz e justiça.
Fogo: purificação, regeneração, iluminação, destruição.
Manhã: luz pura, vida paradisíaca, confiança no próprio, nos outros e na existência.
Mar: dinâmica da vida, nascimento, transformação.
Morte: fim absoluto do que é positivo e/ou vivo, aquilo que desaparece na evolução, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas.
Noite: tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e conspiração, imagem do inconsciente, trevas e fermento do futuro.

Números:
Um: verticalidade, criador, centro cósmico e místico, revelação.
Dois: oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, esforço, combate.
Três: ordem intelectual e espiritual, divino, unidade do ser vivo, perfeição.
Quatro: solidez, sensível, terrestre, totalidade, universalidade.
Cinco: união, ordem, harmonia, equilíbrio, perfeição, sentidos, relação céu/terra.
Seis: prova entre bem e mal.
Sete: poder, pacto entre Deus e Homem, plenitude, perfeição, equilíbrio, realização total, ciclo concluído, consciência da vida.
Oito: equilíbrio cósmico, época eterna, justiça, ressurreição e transfiguração.
Nove: medida das gestações, plenitude, coroação de esforços.
Dez: totalidade, criação do universo.
Doze: divisões espácio-temporais, complexidade do universo, ciclo fechado.
Treze: mau prenúncio.
Dezassete: número agoirento.          
Pedra: construção, sedentarização do Homem, relação entre terra e céu.
Sonho: incontrolado, escapa à vontade do indivíduo, necessário ao equilíbrio biológico e mental.
Terra: substância universal, matéria-prima, função maternal, regeneração.



Fontes: Manual de Português 12º Ano “Interacções”
                www.pt.wikipedia.org
                www.notapositiva.com
                www.prof2000.pt
                www.infopedia.pt
                www.geocities.com
                www.infoescola.com

Tabalhos sobre a Mensagem

Estamos a chegar ao fim deste módulo. Esperamos pelas vossas abordagens para os seguintes items desta obra:
  • estrutura interna e externa
  • temáticas
  • simbologia

Mensagem, de Fernando Pessoa

segunda-feira, 22 de março de 2010

Mensagem de Fernando Pessoa

1- Estrutura da Obra:

O primeiro e único livro em português que Fernando Pessoa publicou em vida foi MENSAGEM  (1934), um “livro de versos nacionalistas”, composto ao longo de cerca de duas décadas, que o poeta estruturou em três partes, correspondentes
a etapas da evolução do Império Português - nascimento (os construtores do Império), realização (o sonho marítimo e a obra das descobertas) e morte (a imagem do Império moribundo, com a fé da ressurreição do espírito lusíada do império
espiritual, moral e civilizacional.).

  • A primeira parte - Brasão - começa pela localização de Portugal na Europa e em relação ao mundo, afirmando o valor simbólico do seu papel na civilização ocidental quando afirma "O rosto com que fita é Portugal!"... Depois define o mito como um nada capaz de gerar os impulsos necessários à construção da realidade (o Sebastianismo é o mito que se manifesta nos momentos de crise nacional).

Passa a apresentar Portugal como um povo heróico e guerreiro, predestinado a construir o império marítimo. Refere mitos e figuras históricas de Portugal (de Viriato até D. Sebastião). Transmite a imagem de um Portugal erguido à custa do esforço abnegado de muitos heróis, que frequentemente não agiram por interesse próprio, mas motivados por forças maiores, quase que predestinados a grandes feitos: o nascimento. Contém, entre outros, os poemas “O dos Castelos”, “Ulisses” (“O mito é o nada que é tudo”), “D. Dinis”, “D. Sebastião, rei de Portugal”.

 
  • A segunda parte - Mar Português - inicia-se com o poema Infante, onde o poeta mostra que o sonho tem como causa primeira a vontade de Deus, o Homem como agente intermediário e a obra como efeito. Nos outros poemas refere personalidades e factos dos Descobrimentos portugueses, encarados na perspectiva da missão que competia a Portugal cumprir. Destaca-se a projecção universal que este empreendimento implicou, bem como  os esforços sobre-humanos, a grandeza de alma, necessários à luta contra os elementos naturais, hostis e desconhecidos: a realização. Contém, entre outros, os poemas “O Infante”, “O Mostrengo”, “Mar Português”, “Prece”.

  •  A terceira parte - Encoberto - evoca um Portugal mais recente, envolto em tristeza, trevas e perda de identidade (a morte) mas crê que nele ainda esteja latente a essência do “ser português”; assim, mostra esperança no “regresso” do rei Encoberto que virá regenerar o País, pois “ é a hora” de : construir o Quinto Império. Contém, entre outros, os poemas “D. Sebastião”, “O Quinto Império”, “António Vieira”, “Nevoeiro”.

2 - As Temáticas


À procura da sua identidade sempre viveu o Fernando Pessoa. Procurou-a nos seus vários eus, os heterónimos, é o seu «drama em gente». Agora essa identidade de novo é procurada e encontrada, pela união com a pátria. Assim ela surge na Mensagem. Uma das preocupações primeiras de Fernando Pessoa dizia respeito à necessidade “sociológica” da criação de uma literatura nacional. Este dar um rosto a um “supra-Portugal” estaria a cargo de um “supra-Camões”. Há em Pessoa três crises simultâneas que coincidem com, e reforçam, a sua crise de personalidade: a da sua integração no espaço cultural (e poético) português; a da poesia portuguesa, presa do subjectivismo romântico; a da identidade nacional, decorrente do Ultimatum inglês (justamente a língua que o formara) e do clima de agitação social subsequente que desembocaria no 5 de Outubro de 1910. Pessoa nunca se serviu da poesia camoniana como poesia intercessora da sua. O “Camões” de que anuncia a próxima superação é apenas o símbolo de que necessitava para a si mesmo se oferecer uma “pátria poética” e com ela um “amor pátrio” correspondente à frustração de quem não tinha ainda, vistos de fora, nem uma nem outro. Este seu ardente desejo de integração vai cristalizar-se na Mensagem – este livro inscreve-se nas tendências do nacionalismo literário da época. Pessoa chama a atenção para a particular “estrutura” do seu livro e para a “disposição nele das matérias”, isto é, para o seu carácter emblemático. Diz ele que a Mensagem mistura um misticismo nacionalista e um sebastianismo racional. Mensagem é um livro de busca redentora, que não se esgota no sebastianismo e muito menos na mera exaltação pátria. É também de interrogação e de crítica do nosso imobilismo fadista e do nosso conformismo saudosista (Triste de quem vive em casa/ Contente com o seu lar,/ Sem que um sonho,...). Interpretação mítica e mística do destino português, Mensagem é também a criação simbólica de uma subtil analogia entre aquele destino mítico e o destino, não menos mítico, de quem se criou na imagem de um “supra-Camões” projectado de uma “supra-pátria” a haver. Pátria que ele concluiria poder ser apenas a língua portuguesa, e a língua portuguesa enquanto linguagem estética. A Mensagem é também a criação mitológica de uma pátria ideal de história e de linguagem, oposta ao país real em que o autor vive. A poesia de Pessoa é a interminável edificação de uma Pátria-Nau de Linguagem que realize as virtualidades de uma personalidade que é vários nomes no nome-viagem chamado Fernando Pessoa. O sentido oculto da Mensagem parece estar nas seguintes palavras do poeta: “E a nossa Raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo de que os sonhos são feitos. E o seu verdadeiro e supremo destino, de que a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal ante-arremedo, realizar-se-á divinamente. Mas o segredo da Busca é que não se acha. Aqui Fernando Pessoa assume o que ele considerava o mais alto ministério do homem: ser criador de mitos; e, assim, a Mensagem surge a um tempo como mito e rito que conta a criação duma pátria. Poderá ser vista como uma epopeia, porque parte dum núcleo histórico, mas a sua formulação, sendo simbólica e mítica, do relato histórico, não possuirá a continuidade. Aqui, a acção dos heróis só adquire pleno significado dentro duma referência mitológica. Aqui serão só eleitos, terão só direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos.
            Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a de um mito, numa teoria cíclica, a das Idades, transfigura e repete a história duma pátria como o mito dum nascimento, vida e morte dum mundo, dando-lhe uma forma tripartida: Brasão, Mar Português, O Encoberto. Poder-se-á traduzir como: os fundadores ou o nascimento; a realização ou a vida; o fim das energias latentes ou a morte – esta contém já a ressurreição, o novo ciclo que se anuncia, O Quinto Império. Assim, a 3ª parte é toda ela um fim, uma desintegração, mas também toda ela cheia de avisos, de forças latentes prestes a virem à luz. Os Descobrimentos podem ser vistos em diversos planos ou registos da realidade, de significação e Fernando Pessoa foi o primeiro da sua nação a vê-los como uma aventura iniciática. E toda a Mensagem aparece como o erguer poético duma intuição: a consciência duma realização terrestre do transcendente, que será também a do próprio ser pessoal; a missão humana é dever, realização anímica e revelação de Deus. O indivíduo, salvando-se a si mesmo, é o meio pelo qual o eterno se revela no mundo do devir (Deus é o agente./ O herói a si assiste, vário/ E inconsciente.)
            A obra surge assim como o dever, missão terrestre que, estando para além do homem, lhe concede por este caminho a sua verdadeira personalidade. Empossados duma missão que os ultrapassa, surgem sempre esses construtores e heróis da nação (Aqui ao leme sou mais do que eu:/ Sou um Povo que quer o mar que é teu.).

 3 - Simbologia 

Brasão – simboliza a nobreza imutável do passado;
Mar – simboliza a vida e a morte; o nascimento, a transformação e o renscimento;
Campos – simbolo do paraiso ao qual os justos acedem depois da morte; espaço de vida e acção:
Castelo – dada a dua habitual localização num lugar mais elevado, simbloiza a segurança, a protecção e a transcendência;
Quinas – os cincos escudos das armas de portugal reenviam para as cinco chagas de cristo, adquirindo uma dimensão espiritual;
Coroa – simbolo de prefeição e de poder: promessa de imortalidade;
Timbre – insignia que coroa o brasão, indicadora da nobreza de quem o usa, remete para a sagração do herói numa missão transcendente;
Grifo – ave fabulosa com a força e a sabedoria, o poder terrestre e celeste;
Padrão – monumento de pedra que os navegadores portugueses erguiam nas terras que iam descobrindo; simboliza o dominio ea propagação da civilização cristã sobre as mesmas;
Mostrego – simboliza o desconhecido, os medos, os perigos e os obstáculos que os navegadores tiveram de enfrentar e vencer;
Nau – simboliza a força e a seguança numa travessia dificil; bem como o incitamento à viagem e a uma vida espiritual; prende-se, também, com a aquisição de conhecimentos;
Ilha – simbolo do desejo de felicidade terrestre ou eterna; do além maravilhoso; da sabedoria e da paz;
Noite – simboliza a morte; remete para um tempo de gestação que desabrochará como manisfestação de vida;
Manhã – simbolo de pureza; de vida para paradisíaca, de confiança em si, nos outros, na existência;
Nevoeiro – simboliza a indeterminação, indefinição; o prelúdio da aparição. 
Nove: medida das gestações, plenitude, coroação de esforços.
Dez: totalidade, criação do universo.
Doze: divisões espácio-temporais, complexidade do universo, ciclo fechado.
Treze: mau prenúncio.
Dezassete: número agoirento.
Pedra: construção, sedentarização do Homem, relação entre terra e céu.
Sonho: incontrolado, escapa à vontade do indivíduo, necessário ao equilíbrio biológico e mental.
Terra: substância universal, matéria-prima, função maternal, regeneração.
Água: fonte e origem da vida, purificação, retorno.
Ar: espiritualização, vento, sopro, intermediário entre céu e terra, vida invisível.
Cinzas: morte, penitência, dor.
Dia: nascimento, crescimento, plenitude e declínio da vida.
Espada: estado militar, bravura, poder. Destrói mas restabelece e mantém paz e justiça.
Fogo: purificação, regeneração, iluminação, destruição.
Manhã: luz pura, vida paradisíaca, confiança no próprio, nos outros e na existência.
Mar: dinâmica da vida, nascimento, transformação.
Morte: fim absoluto do que é positivo e/ou vivo, aquilo que desaparece na evolução, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas.
Noite: tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e conspiração, imagem do inconsciente, trevas e fermento do futuro.
Números;
Um: verticalidade, criador, centro cósmico e místico, revelação.
Dois: oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, esforço, combate.
Três: ordem intelectual e espiritual, divino, unidade do ser vivo, perfeição.
Quatro: solidez, sensível, terrestre, totalidade, universalidade.
Cinco: união, ordem, harmonia, equilíbrio, perfeição, sentidos, relação céu/terra.
Seis: prova entre bem e mal.
Sete: poder, pacto entre Deus e Homem, plenitude, perfeição, equilíbrio, realização total, ciclo concluído, consciência da vida.
Oito: equilíbrio cósmico, época eterna, justiça, ressurreição e transfiguração.

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Fontes: http://pt.wikipedia.org
Manual de Português 12º. Ano “Interacções” –  
Motor de busca: Google

Trab realizado por: Hugo Costa, Nuno Botica, André Loureiro, Cláudio.

Mensagem - Fernando Pessoa

  1.Estrutura da obra

A Mensagem divide-se em três partes fundamentais:
1.ª Brasão (nascimento) – Fundação da nacionalidade e presença de heróis lendários e históricos, de Ulisses a D. Sebastião, passando por D. Afonso Henriques e D. Dinis
2.ª Mar Português (realização) – ânsia do desconhecido e luta contra o mar. Apogeu dos portugueses nos Descobrimentos
3.ª O Encoberto (morte) – Morte de Portugal simbolizada no nevoeiro; afirmação do mito sebástico na figura do “Encoberto”; apelo e ânsia da construção do Quinto Império.
Estas três partes conduzem à ideia de renascimento futuro do país.

Assim, a estrutura da Mensagem, sendo a dum mito numa teoria cíclica, a das Idades, transfigura e repete a história duma pátria como o mito dum nascimento, vida e morte dum mundo; morte que será seguida dum renascimento. Desenvolvendo-a como uma ideia completa, de sentido cósmico, e dando-lhe a forma simbólica tripartida – Brasão, Mar Português, O Encoberto. Que se poderá traduzir como: os fundadores, ou o nascimento; a realização, ou a vida; o fim das energias latentes, ou a morte; essa terá em si, como gérmen, a próxima ressurreição, o novo ciclo que se anuncia – o Quinto Império. Assim, a terceira parte, é toda ela cheia de avisos, preenche de pressentimentos, de forças latentes prestes a virem á luz: depois da Noite e Tormenta, vem a Calma e a Antemanhã: estes são os Tempos. E aí sempre perpassarão, com um repetido fulgor, sempre a mesma mas em modelações diversas, a nota da esperança: D. Sebastião, O Desejado, O Encoberto.
É dessa forma, o mítico caos, a noite, o abismo, donde surgirá o novo mundo, “Que jaz no abismo sob o mar que se segue”.

  2.Temáticas

A Mensagem, cujas poesias componentes foram escritas entre 1913 e 1934 – data da sua publicação, é sem dúvida a obra-prima onde pessoa lapidarmente imprimiu o seu ideal patriótico, sebastianista e regenerador. É um poema nacional, uma versão moderna, espiritualista e profética de Os Lusíadas.
A Mensagem poderá ser vista com uma epopeia. Porque parte dum núcleo histórico, mas a sua formulação sendo simbólica e mítica, do relato histórico, não possuirá a continuidade. Aqui, a acção dos heróis, só adquire pleno significado dentro duma referência mitológica. Aqui serão só eleitos, terão só direito à imortalidade, aqueles homens e feitos que manifestam em si esses mitos significativos. Assim, a sua estrutura tem como objectivo o regresso do paraíso, a realização do impossível, a espera do messias. Os antepassados, os fundadores, que pela sua acção criaram a pátria, e ergueram a personalidade, separada, ou criaram na sua altura própria; mas Mães, as que estão na origem das suas dinastias, cantadas como “Antigo seio vigilante”, ou “humano ventre do império”; os heróis navegantes, aqueles que percorreram o mar em busco do caminho da imortalidade, cumprindo um dever individual e pátrio, finalmente, depois dessa missão cumprida, dessa realização. Na era crepuscular de fim de vida, os profetas, as vozes que anunciam já aquele que viria regenerar essa pátria decadente, abrindo-lhe novo ciclo de vida, uma nova era, o Encoberto.

Carácter épico-lírico
A Mensagem é uma obra épico-lírica, pois, como uma epopeia, parte de um núcleo histórico de heróis e acontecimentos da História de Portugal, mas apresenta uma dimensão subjectiva introspectiva, de contemplação interior, característica própria do lirismo.

O mito
As figuras e os acontecimentos históricos são convertidos em símbolos, em mitos, que o poeta exprime liricamente. “O mito é o nada que é tudo”, verso do poema “Ulisses”, é o paradoxo que melhor define essa definição simbólica da matéria histórica da Mensagem.

Sebastianismo
A Mensagem apresenta um carácter profético, visionário, pois antevê um império futuro, não terreno, e ansiar por ele é perseguir o sonho, a quimera, a febre de além, a sede de Absoluto, a ânsia do impossível, a loucura. D. Sebastião é o mais importante símbolo da obra que, no conjunto dos seus poemas, se alicerça, pois, num sebastianismo messiânico e profético.

Quinto Império: império espiritual
É esta a mensagem de Pessoa a Portugal, nação construtora do Império no passado, cabe construir o Império do futuro, o Quinto Império. E enquanto o Império Português, edificado pelos heróis da Fundação da nacionalidade e dos Descobrimentos é termo, territorial, material, o Quinto Império, anunciado na Mensagem, é um espiritual. “E a nossa grande raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas daquilo que os sonhos são feitos. “A Mensagem contém, pois, um apelo futuro”.

  3.Simbologia

Água: fonte e origem da vida, purificação, retorno.
Ar: espiritualização, vento, sopro, intermediário entre céu e terra, vida invisível.
Cinzas: morte, penitência, dor.
Dia: nascimento, crescimento, plenitude e declínio da vida.
Espada: estado militar, bravura, poder. Destrói mas restabelece e mantém paz e justiça.
Fogo: purificação, regeneração, iluminação, destruição.
Manhã: luz pura, vida paradisíaca, confiança no próprio, nos outros e na existência.
Mar: dinâmica da vida, nascimento, transformação.
Morte: fim absoluto do que é positivo e/ou vivo, aquilo que desaparece na evolução, acesso a uma vida nova de libertação das forças negativas.
Noite: tristeza, angústia, começo da jornada, tempo de gestação e conspiração, imagem do inconsciente, trevas e fermento do futuro.
Números;
Um: verticalidade, criador, centro cósmico e místico, revelação.
Dois: oposição, conflito, reflexão, equilíbrio, esforço, combate.
Três: ordem intelectual e espiritual, divino, unidade do ser vivo, perfeição.
Quatro: solidez, sensível, terrestre, totalidade, universalidade.
Cinco: união, ordem, harmonia, equilíbrio, perfeição, sentidos, relação céu/terra.
Seis: prova entre bem e mal.
Sete: poder, pacto entre Deus e Homem, plenitude, perfeição, equilíbrio, realização total, ciclo concluído, consciência da vida.
Oito: equilíbrio cósmico, época eterna, justiça, ressurreição e transfiguração.
Nove: medida das gestações, plenitude, coroação de esforços.
Dez: totalidade, criação do universo.
Doze: divisões espácio-temporais, complexidade do universo, ciclo fechado.
Treze: mau prenúncio.
Dezassete: número agoirento.
Pedra: construção, sedentarização do Homem, relação entre terra e céu.
Sonho: incontrolado, escapa à vontade do indivíduo, necessário ao equilíbrio biológico e mental.
Terra: substância universal, matéria-prima, função maternal, regeneração.


Fontes: http://pt.wikipedia.org
Manual de Português 12º. Ano “Interacções” – págs.172, 173, 186, 187, 188, 189, 190 e 191.

segunda-feira, 1 de março de 2010

"os lusiadas" luis de camoes vaz

Quem foi luís de Camões?
Luís de Camões foi um poeta português cuja as suas informações sobre a sua biografia são relativamente escassas e pouco seguras, a própria data do seu nascimento, assim como o local, é incerta, tendo sido deduzida a partir de uma carta de perdão real de 1553. Luís Vaz de Camões é autor de Os Lusíadas, considerada uma das obras mais importantes da literatura portuguesa. De família da pequena nobreza, ingressa no Exército da coroa de Portugal e participa da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito. Boémio, de volta a Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. No ano seguinte, o historiador Diogo do Couto, amigo do poeta, encontrou-o em Moçambique, onde vivia na penúria. Juntamente com outros antigos companheiros, conseguiu o seu regresso a Portugal, onde desembarcou em 1570. Dois anos depois, D. Sebastião concedeu-lhe uma tença, recompensando os seus serviços no Oriente e o poema épico que entretanto publicara, Os Lusíadas. Camões morreu a 10 de Junho de 1580, ao que se diz, na miséria. No entanto, é difícil distinguir aquilo que é realidade, daquilo que é mito e lenda romântica, criados em torno da sua vida.


O que foi o renascimento?
O renascimento é um movimento cultural que se desenvolve em Itália. O renascimento é um movimento de renovação das artes e das letras, do pensamento, das ciências e do ensino, que originou profundas transformações sociais, políticas e económicas nos países da Europa. O Humanismo é o fundamental cultural do Renascimento: consiste no estudo das humanidades, das litterae humaniores, isto é, no estudo da gramática, da retórica, da poética, da história e da filosofia moral; no conhecimento da língua grega e no conhecimento e no culto dos autores gregos e latinos, cujas obras foram em muitos casos redescobertas, estudadas e editadas com rigor filológico, lidas e interpretadas de modo novo.


Quais as características do classicismo?
O classicismo tem sua origem no aprofundamento dos textos literários e filosóficos estudados nas escolas. Na Idade Média, esses textos eram reproduzidos nos conventos e difundidos entre os estudiosos, mas passavam por uma censura religiosa, que só mantinha os aspectos que não feriam a moral cristã. Com o Renascimento, houve um retorno a esses textos, mas em sua versão original, completa.
Foi da Arte Poética de Aristóteles que os artistas do Classicismo retiraram o conceito de imitação. Segundo Aristóteles, a poesia devia imitar a perfeição da natureza ou da sociedade ideal, além de retomar ideias de outros poetas, reconhecidamente importantes por sua obra. Não se trata de copiar outros autores, e sim de assemelhar-se à sua obra.

O que é paganismo?
O paganismo caracteriza-se fundamentalmente pela compreensão intuitiva da ordem intrínseca da realidade, ordem fundada sobre uma rede de correspondências que ligam o corpo, a alma e o espírito de cada homem, sujeito dos fenómenos, a uma ordem cósmica, ou ordem dos fenómenos exteriores ao sujeito. Esta ordem inerente, chamada Rita entre os indianos, Asha entre os iranianos, Cosmos entre os gregos, tem um prolongamento na sociedade humana, chamado Dharma na índia, pelo aspecto ético, e Varna pelo aspecto social, ou ainda, simbolizado nos gregos por uma deusa da medida e da equidade, Némesis.

Quais as principais características temáticas da obra?

Da obra de Camões foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, uma ode ao Conde de Redondo, um soneto a D. Leonis Pereira, capitão de Malaca, e o poema épico Os Lusíadas. Foram ainda representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. As duas primeiras peças foram publicadas em 1587 e a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, foi-lhe roubado.•
Na poesia lírica, constituída por redondilhas, sonetos, canções, odes, oitavas, tercetos, sextinas, elegias e éclogas, Camões conciliou a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas. Noutras composições, aproveitou elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vinha já dos trovadores e da poesia palaciana, como por exemplo nas redondilhas «Descalça vai para a fonte» (dedicadas a Lianor), «Perdigão perdeu a pena», ou «Aquela cativa» (que dedicou a uma sua escrava negra). É no tom pessoal que conferiu às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu génio.
Na poesia lírica avultam os poemas de temática amorosa, em que se tem procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta. É o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, nomeadamente no conhecido soneto «Alma minha gentil que te partiste», ou de outras composições, que ilustram a sua experiência de guerra e do Oriente, como a canção «Junto dum seco, duro, estéril monte».
No tratamento dado ao tema do amor é possível encontrar, não apenas a adopção do conceito platónico do amor (herdado da tradição cristã e da tradição e influência petrarquista) com os seus princípios básicos de identificação do sujeito com o objecto de amor ( «Transforma-se o amador na coisa amada»), de anulação do desejo físico («Pede-me o desejo, Dama, que vos veja / Não entende o que pede; está enganado.») e da ausência como forma de apurar o amor, mas também o conflito com a vivência sensual desse mesmo amor. Assim, o amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, tão bem expressas no justamente célebre soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano, inefável, mas, assim mesmo, fundamental à vida humana. A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza (que, classicamente vista como harmoniosa e amena, a ela se associa, como fonte de imagens e metáforas, como termo comparativo de superlativação da beleza da mulher, e, à maneira das cantigas de amigo, como cenário e/ou confidente do drama amoroso), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior, manifestação no mundo sensível da Beleza do mundo inteligível), representado pelo modelo de Laura, que é predominante (vejam-se a propósito os sonetos «Ondados fios de ouro reluzente» e «Um mover d'olhos, brando e piedoso»), e o modelo renascentista de Vénus.
Temas mais abstractos como o do desconcerto do mundo (expresso no soneto «Verdade, Amor, Razão, Merecimento» ou na esparsa «Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos»), a passagem inexorável do tempo com todas as mudanças implicadas, sempre negativas do ponto de vista pessoal (como observa Camões no soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»), as considerações de ordem autobiográfica (como nos sonetos «Erros meus, má fortuna, amor ardente» ou «O dia em que eu nasci, moura e pereça», que transmitem a concepção desesperançada, pessimista, da vida própria), são outros temas dominantes da poesia lírica de Camões.
No entanto, foi com Os Lusíadas que Camões, embora postumamente, alcançou a glória. Poema épico, seguindo os modelos clássicos e renascentistas, pretende fixar para a posteridade os grandes feitos dos portugueses no Oriente. Aproveitando a mitologia greco-romana, fundindo-a com elementos cristãos, o que, na época, e mesmo mais tarde, gerou alguma controvérsia, Camões relata a viagem de Vasco da Gama, tomando-a como pretexto para a narração da história de Portugal, intercalando episódios narrativos com outros de cariz mais lírico, como é o caso do da «Linda Inês». Os Lusíadas vieram a ser considerados o grande poema épico nacional. Toda a obra de Camões, de resto, influenciou a posterior literatura portuguesa, de forma particular durante o Romantismo, criando muitos mitos ligados à sua vida, mas também noutras épocas, inclusivamente a actual. No século XIX, alguns escritores e pensadores realistas colaboraram na preparação das comemorações do terceiro centenário da sua morte, pretendendo que a figura de Camões permitisse uma renovação política e espiritual de Portugal.•
Amplamente traduzido e admirado, é considerado por muitos a figura cimeira da língua e da literatura portuguesas. São suas a colectânea das Rimas (1595, obra lírica), o Auto dos Anfitriões, o Auto de Filodemo (1587), o Auto de El-Rei Seleuco (1645) e Os Lusíadas (1572)
Em que consiste o humanismo renascentista?
Da mesma forma como a Idade Média foi por muitos considerada a idade das trevas, o Renascimento foi visto como uma reedição da antiguidade. Embora seus representantes tenham se inspirado nas obras antigas, seus esforços resultaram em projetos e realizações originais - seu ideal foi retornar ao antigo, para poder ultrapassá-lo. O renascentista foi um homem do seu tempo: possuindo o sentido da história, sabia que o mundo antigo era diferente do seu e que, pretendendo reviver a antiguidade, procurava viver uma vida diversa da da Idade Média.

Esse movimento filosófico e literário, iniciado na Itália, na segunda metade do século XIV e, depois, difundido no resto da Europa, tem no humanismo sua característica principal. O aspecto primordial do Humanismo renascentista é a liberdade do homem, que o faz capaz de estabelecer e desenvolver seu projeto de vida. Ao contrário do conceito medieval de homem, inteiramente submetido à Igreja e ao Sacro Império Romano-Germânico, o Humanismo o vê livre, em relação à natureza e à sociedade. Restaurou a dignidade humana, pela admissão da liberdade e capacidade de interagir com o mundo.


O que são versos alexandrinos e versos heróicos?
Verso com dez sílabas poéticas são chamados DECASSÍLABOS que podem ser sáficos ou heróicos
São versos decassílabos HERÓICOS, porque as sílabas poéticas tónicas são a sexta e a décima.





trabalho realizado por:
ivanethe gama, jessica e joao