Felizmente há luar!

Ponto de encontro de saberes e dúvidas, local de partilha de informação.


sábado, 8 de maio de 2010

Felizmente Há Luar!

A peça Felizmente Há Luar! representada pela primeira vez em 1969, em Paris, só chegaria aos palcos portugueses em 1978, no Teatro Nacional, encenada pelo próprio autor. Sttau Monteiro ao recorrer da caracterização e linguagem das personagens, às notas à margem do texto e aos elementos de luz e de som, pretende que o leitor/espectador, pela análise crítica da sociedade do século XIX, reflectisse sobre a situação política e social do Estado Novo no século XX. Interpretando as condições históricas que anos mais tarde contribuiriam para a "Revolução dos Cravos", a 25 de Abril de 1974. A agitação e a conspiração de 1817, em vez de desaparecerem com medo dos opressores, permitiram o triunfo do liberalismo em 1834, após uma guerra civil. Também as revoltas e oposição ao regime nos anos 60, de que foi exemplo a candidatura do General Humberto Delgado (em 1958), o assalto ao "Santa Maria" e a Revolta de Beja (1961), em vez de serem uma cedência perante a ameaça e a mordaça, fortaleceram a resistência que levou à implantação da democracia.
Para além da biografia de Luís Sttau Monteiro é útil termos presente assuntos que servem de base ao momento de reflexão que o autor pretende originar. Assim, este blog propõe ser mais uma ferramenta que contenha informação útil sobre temáticas importantes que a peça Felizmente Há Luar! aborda.
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Luís de Sttau Monteiro
Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro, nasceu em Lisboa, a 3 de Abril de 1926 a 23 de Julho de 1993, foi um escritor português.
Partiu para Londres com dez anos de idade, juntamente com o seu pai que exercia as funções de embaixador de Portugal. Regressou a Portugal em 1943, momento em que seu pai foi demitido do seu cargo por Salazar.
Luís Monteiro licenciou-se em Direito, mas exerceu por pouco tempo, dedicando-se ao jornalismo. Na sua juventude esteve em Inglaterra, onde teve contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-LuisSttauMonteiro_e1saxónica.
Em 1960, estreou-se com “Um Homem não chora”, em 1961 apresentou “Angústia para o jantar”, obra que revela alguma influência de escritores ingleses e em 1966, apresentou “E se for rapariga chama-se Custódia”. Mas foi como dramaturgo que se consagrou, com a obra “Felizmente há Luar”, em 1961. Foi uma peça que sob a influência do teatro de Brecht e recuperando acontecimentos da anterior história portuguesa, procurava fazer uma denúncia da situação sua contemporânea. Esta peça foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Mas 1978 voltou a ser representada, no Teatro Nacional.
Luís Monteiro, em 1967, foi presa pela PIDE, após a publicação das peças de teatro “A Guerra Santa” e “A Estátua”, sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós, “A Relíquia”, representada no Teatro Maria Matos. Escreveu o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão, adaptada como novela televisiva em 1982, com o titulo “Chuva na Areia”.


Invasões Francesas
Nos primeiros anos do século XIX, grande parte da Europa estava sob o domínio de Napoleão Bonaparte, que se tinha tornado Imperador Francês, em 1804.
O único obstáculo à consolidação de seu Império na Europa era a Inglaterra, que, favorecida por sua posição geográfica, por seu poderio económico e por sua hegemonia naval, não conseguiria conquistar.
Para tentar enfraquecer a economia inglesa, Napoleão decretou o encerramento dos portos de todos os países europeus ao comércio inglês.
O decreto, datado de 21 de Novembro de 1806, dependia, para sua real eficácia, de que todos os países da Europa aderissem à ideia e, para isso, era essencial a adesão dos portos localizados nos extremos do Continente, ou seja, os do Império Russo e os da Península Ibérica, especialmente os de Portugal.
Contudo era difícil a Portugal tomar uma posição, não só contra um velho aliado, mas porque uma numerosa colónia inglesa contribuía para o desenvolvimento económico do país. Napoleão vendo que Portugal não se decidia, resolve concertar com a Espanha um plano de invasão a Portugal, e negociando com Godoy, aparece o célebre Tratado de Fontainebleau, pelo qual se partilhava o reino português entre a França e a Espanha, uma vez conquistado.
Desta forma surgem três invasões:

- Primeira Invasão Francesa
Em Novembro de 1807, o general Junot entrava em Lisboa, e após os infortúnios que passaram durante a viagem, deparou com uma regência assegurada por cinco pessoas presidida pelo marquês de Abrantes. A regência foi automaticamente dissolvida. O país passou então a ser governado como um território conquistado, e foi assolado por actos de violência e roubos perpetrados pelos cerca de 50 mil soldados franceses e espanhóis espalhados pelo país.
O exército nacional foi reconvertido numa espécie de legião lusitana ao serviço do exército francês, a qual, sempre que solicitada, seguia para lutar em vários pontos da Europa.
A resistência do povo português contra o invasor não se fez esperar. Em Junho de 1808, no Norte do país foi aclamado o príncipe regente e foi estabelecida uma Junta Provisória, comandada pelo bispo do Porto. No resto do país multiplicavam-se os actos rebeldes, sobretudo a partir do momento em que as tropas espanholas se retiraram, na sequência de insurreições contra os franceses em Espanha.
Os ingleses foram estimulados por este movimento popular e, chefiados por sir Arthur Wellesley, o futuro Lord Wellington, chegaram ao nosso país em Junho desse ano. Mais tarde, o contingente inglês foi engrossado com o envio de mais tropas que, aliadas às portuguesas, derrotaram os franceses na Estremadura, nas batalhas da Roliça e do Vimeiro. Face a estas derrotas, o general francês foi forçado a pedir um armistício e em Setembro os exércitos de Junot partiam para França.
A regência assumiu de novo o governo da nação agora sob o comando do marquês das Minas. A primeira preocupação deste governo, após a restauração da ordem, foi a preparação para um muito provável novo ataque francês. A resistência foi liderada pelo general inglês William Beresford, nomeado depois marechal. Este tomou o poder do país, que exerceu quase até 1820.

- Segunda Invasão Francesa
Em Fevereiro de 1809 o marechal Soult, duque da Dalmácia, deu início à segunda invasão francesa.
A entrada das tropas francesas deu-se por Trás-os-Montes, o que permitiu a conquista da Região Norte do país até à fronteira do Douro e satisfazer o sonho de Soult de governar a Lusitânia setentrional, uma das regiões negociadas no acordo de Fontainebleau, antes de Portugal ser invadido pelas tropas napoleónicas e espanholas. Este sonho do general Soult, a par do megalómano sonho de Napoleão de reconstruir um império, durou pouco tempo. Rapidamente as forças anglo-portuguesas combinaram esforços e conseguiram empurrar, de novo, o Exército francês para Espanha, em Maio de 1809. Nesta invasão, ficou tristemente célebre o episódio da "ponte das barcas", um desastre que provocou um grande número de mortos entre as populações, que, aterrorizadas pela chegada do invasor, procuraram refúgio na cidade do Porto, atravessando a velha ponte das barcas, que não suportou o peso de tanta gente.

- Terceira Invasão Francesa
Lord Wellington preparou novamente a defesa portuguesa, desta feita de Lisboa, contra um terceiro ataque francês, que se previa para o Outono de 1809. A capital do reino foi protegida por três linhas fortificadas, sendo a linha defensiva mais imponente a de Torres Vedras, a cerca de 40 km. Trata-se das célebres "linhas de Torres" (fortificações planeadas pelo major José Maria das Neves Costa), que permaneceram na toponímia da região. Este plano defensivo tornava quase impossível a entrada em Lisboa. De facto, quando o exército francês, comandado pelo prestigiado marechal Masséna e onde se destacava também o general Ney, entrou em Portugal, em Junho de 1810, naquela que seria a última invasão francesa, foi travado em Torres Novas, logo depois de ter sido vencido no Buçaco. Durante cinco meses, os dois exércitos mediram as suas forças; o exército francês esperava pelo envio de reforços, enquanto que o exército britânico contava com a exaustão dos franceses.
Em Março de 1811 os franceses não esperaram mais pelo reforço e deram início à sua retirada de Portugal. Beresford, o marechal inglês, derrotou-os mais uma vez em Redinha. A fronteira foi passada em Outubro; em Espanha os franceses foram empurrados para Toulouse pela pressão do exército britânico, que contava com o auxílio de soldados portugueses e espanhóis.
A independência de Portugal foi retomada entre 1814 e 1815, pelo Congresso de Viena, que decidiu igualmente restituir Olivença a Portugal, determinação que todavia nunca foi cumprida por Madrid.

Regência Inglesa (1807—1820)
Depois da invasão sem oposição de Junot, general de Napoleão, a família real portuguesa, a corte e as mais altas magistraturas e funcionários superiores da nação abandonam o País em direcção ao Brasil, onde se fixam ao todo mais de 10 000 pessoas. O País fica desprovido dos quadros do seu aparelho administrativo. Em 1808, dá-se o desembarque inglês na Figueira e consequente expulsão dos franceses. Mas não é só aqui que nasce a dominação inglesa: os navios que levaram a comitiva real para o Brasil eram ingleses. Em 1808, com a chegada dos ingleses na Figueira os franceses são expulsos. Com isso e o transporte da comitiva Real para o Brasil nasce a dominação inglesa.
O Tratado de Amizade e Aliança e um outro, de Navegação e Comércio, serão assinados em 1810 no Rio de Janeiro. Protegia-se a família real e a Casa de Bragança, consagrava-se a reciprocidade mas também se estendiam os privilégios comerciais ingleses, não só ao Brasil, mas a todas as colónias lusas. Nas invasões de 1809 e 1810, os ingleses mantêm-se no nosso país, organizando a defesa militar com brilho mas cometendo já abusos de autoridade e arbitrariedades inqualificáveis. A situação do País depois das invasões francesas era deplorável, com miséria, devastação, abandono dos campos, mutilados, 10 000 mortos, famílias desfeitas, o tecido produtivo destruído, apenas o vinho do Porto, monopólio inglês, conhecia progressos.
Sem qualquer tipo de opinião ou autoridade das chefias portuguesas, completamente dominadas pelos militares ingleses, instalados nos mais altos cargos - para além do controlo económico do País - desde 1809, quando o comando do exército português (única força real do País) é atribuído, com plenos poderes, ao general Beresford (eleito depois marechal), coadjuvado por compatriotas. Gozava, por isso, de poderes semelhantes aos de um vice-rei, quase soberanos e de direcção absoluta. Impunha medidas repressivas até, não poupando os quadros superiores do exército nacional, ao ponto de ter ordenado a execução, em 1817, do general Gomes Freire de Andrade, ilustre figura portuguesa, e de outros sob a acusação de franco-maçonaria e tentativa de conspiração, num clima anti-liberal. O ódio aos ingleses crescia, aliás como a miséria e a sensação de abandono da população. O País encontrava-se em estado de mobilização permanente, absorvendo o exército quase todas as receitas públicas, substituindo os órgãos centrais de poder ausentes.
Apesar da decadência de Portugal em 1820 os poderes de Beresford são ampliados quando visita a família real no Rio, até que, em 24 de Agosto do mesmo ano, uma sublevação militar iniciada no Porto, apoiada pelo Sinédrio e implantada no País, não deixa o regente militar inglês desembarcar em Portugal, obrigando-o a rumar a Inglaterra. Instaura-se o liberalismo em Portugal, fazendo-se entretanto regressar a família real. O domínio inglês do País terminou, nos moldes em que se vinha verificando, apesar de economicamente continuar enraizado.




William Carr Beresford
William Carr Beresford nasceu em 1768, na Irlanda e faleceu a 8 de Janeiro de 1854. Foi um militar britânico. Frequentou a academia militar de Estrasburgo.William_Carr_Beresford
Em Agosto de 1785 foi aceite como cadete no 6º Regimento de Infantaria. Em 1793 foi capitão, serviu a frota britânica do Mediterrâneo, tendo-se mobilizado na ocupação da Córsega. Foi tenente – coronel na Índia, coronel do 88º Regimento no Egipto, em 1801, brigadeiro no Cabo da Boa Esperança e ocupou, em 1807, Buenos Aires, onde foi preso. Em Dezembro de 1807, comandou a ocupação da Madeira, tendo sido promovido a Major – General, em 1808.
Em Portugal, recebeu o título de Campo Maior, em 1812 e Conde de Trancoso, e Viscoso de Beresford na Grã – Bretanha.
Beresford era de grande estatura, a sua presença era realçada por um rosto irregular e aparência sinistra, porque tinha o olho esquerdo derramado por um tiro.
Foi nomeado Marechal do Exercito, em Março de 1809, pelo conselho de regência, Beresford aproveitou a reorganização das forças militares criada por D. Miguel Pereira Forjaz, para a adaptar ao serviço de campanha do exército britânico.
Encontrou o exército diminuído pela ausência dos comandos no Brasil e na Legião Portuguesa e pela velhice de muitos oficiais, então recorreu à atribuição de comandos a oficiais britânicos, tendo poderes para nomear e demitir os sujeitos. Criou também os depósitos de recrutamento em Peniche, Mafra e Salvaterra, dirigiu à distribuição das novas armas e equipamentos, introduziu Ordens do Dia para informar o exército e apurar a disciplina.
Foi um activo administrador. Era muito bravo, destacando-se em Albuera onde teve de combater com um armeiro polaco sendo depois ajudado por um cavaleiro português. Em Salamanca comandou pessoalmente o ataque da 3ª Brigada portuguesa que imobilizou o contra-ataque francês, ficando gravemente ferido.
Em 1815, era elogiado pela população, que o reconhecia como o artífice da vitória, mas a sua carreira, após o fim da guerra, apagou.
Em 1817, após a execução de Gomes Freire de Andrade, deslocou-se ao Brasil para pedir poderes ainda maiores do que tinha. Havia pretendido suspender a execução da sentença até que fosse confirmada pelo supremo mas a Regência ordenou na mesma a execução e reduziu-lhe as funções ao administrativo.
A 2 de Maio de 1820 o marechal partiu, trataram os governadores do reino de estabelecer o mais cauteloso sistema de repressão. Portugal fechou ao mundo, e deixou-se a Regência ficar desaparecida dos riscos que sobrevinham. No Porto levantaram-se contra a Regência e ali se fundara o Sinédrio (é o nome dado à assembleia de 23 juízes que a Lei judaica ordena existir em cada cidade), onde Fernandez Tomaz e Silva Carvalho reuniram ao redor de si outros chefes. E pela madrugada de 24 de Agosto deu-se a revolução.
A 10 de Outubro, Beresford regressou a Lisboa, mas foi impedido de desembarcar e assim regressou à Grã – Bretanha. Mas ainda esteve em Portugal em 1823, procurando abater D. João VI às tentativas absolutistas de D. Miguel. Em 1826, regressou a Portugal, com a intenção de regressar ao comando do exército, mas não foi aceite. Entre 1828 a 1830, foi membro do primeiro governo de Wellington, com o título de Master General of Ordnance, equivalente ao posto de militar de Director do Arsenal.
Beresford contribuiu para as obras Strictures on Napier’s History e Further Strictures, escritas por Benjamin D'Urban, refutações da História da Guerra Peninsular de William Napier, que confirmam o respeito pelo exército português, que comandou durante onze anos.


Gomes Freire de Andrade
Gomes Freire de Andrade foi um general português. Nascido em Viena, a 27 de Janeiro de 1957 e faleceu a 18 de Outubro de 1817, em Forte de São Julião da Barra. Filho de António Ambrósio Freire de Andrade e Castro, embaixador de Portugal na corte austríaca e da condessa Von Schaffgotsch.Gomes_Freire_Andrade
Gomes Freire foi enviado para Portugal, em Fevereiro de 1781, com um grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Ficou destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo promovido a alferes, em 1782. Passou à Armada Real, embarcando em 1784 na enquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de Carlos III no bombardeamento de Argel. No mesmo ano foi promovido a tenente do mar da Armada Real, e em 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor. Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo terá conquistado as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz.
Gomes de Andrade, entre 1788 e 1789 ter-se-á distinguido nas planícies do rio Danúbio, na Guerra da Criméia, foi alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de Outubro de 1788 depois do cerco prolongado. Nas condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a Comenda de S. Jorge. Mas este protesta e pediu atestados de heroísmo e a imperatriz acede atribuindo-lhe o posto de coronel do seu exército, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português.
Mais tarde a sua tripulação foi atingida por canhões suecos, perdeu-se tudo, Gomes Freire conseguiu-se salvar e acabou por receber o hábito de São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia.
Quando voltou a Lisboa foi nomeado coronel do regimento do marquês das Minas. Embarcou na divisão que Portugal enviava para auxiliar Espanha contra a República francesa. O Regimento de Andrade e o de Cascais ocuparam a povoação de Rebós, correndo ás trincheiras onde o exercito espanhol estava a ponto de desistir. A acção do Regimento foi brilhante, mas o desempenho de Gomes Freire foi mau, carregando os franceses com coragem em combate a 26 de Setembro de 1793.
Regressou a Portugal e integrou a “Legião Portuguesa” criado por Junot e que, sobe o comando do marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808,onde vem a ser recebido por Napoleão Bonaparte no dia 1 de Junho.
Portugal libertou-se da ocupação das tropas francesas, e após a derrota de Napoleão, Andrade volta a Portugal, e vem a ser Grão-mestre da Maçoaria. E é acusado de conspiração contra a monarquia de Dom João VI, em Portugal representada pela Regência, então sob o governo militar britânico do marechal William Carr Beresford. Gomes Freire de Andrade foi detido e enforcado por crime de traição à pátria junto com outras onze pessoas.
Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro, nasceu em Lisboa, a 3 de Abril de 1926 a 23 de Julho de 1993, foi um escritor português.
Partiu para Londres com dez anos de idade, juntamente com o seu pai que exercia as funções de embaixador de Portugal. Regressou a Portugal em 1943, momento em que seu pai foi demitido do seu cargo por Salazar.
Luís Monteiro licenciou-se em Direito, mas exerceu por pouco tempo, dedicando-se ao jornalismo. Na sua juventude esteve em Inglaterra, onde teve contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica.
Em 1960, estreou-se com “Um Homem não chora”, em 1961 apresentou “Angústia para o jantar”, obra que revela alguma influência de escritores ingleses e em 1966, apresentou “E se for rapariga chama-se Custódia”. Mas foi como dramaturgo que se consagrou, com a obra “Felizmente há Luar”, em 1961. Foi uma peça que sob a influência do teatro de Brecht e recuperando acontecimentos da anterior história portuguesa, procurava fazer uma denúncia da situação sua contemporânea. Esta peça foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Mas 1978 voltou a ser representada, no Teatro Nacional.
Luís Monteiro, em 1967, foi preso pela PIDE, após a publicação das peças de teatro “A Guerra Santa” e “A Estátua”, sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós, “A Relíquia”, representada no Teatro Maria Matos. Escreveu o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão, adaptada como novela televisiva em 1982, com o titulo “Chuva na Areia”.

António de Oliveira Salazar
António de Oliveira Salazar figura que marcou intensamente a História de Portugal durante grande parte do século XX nasceu a 28 de Abril de 1889 no Vimieiro, uma freguesia de Santa Comba Dão do distrito de Viseu. Era o filho varão de uma pequena família de proprietários agrícolas e o único rapaz entre quatro irmãs.
À imagem do Portugal rural do seu tempo, foi educado num meio católico muito marcado, manifestando-se ao frequentar o seminário de Viseu e numa profunda devoção religiosa que iria marcar toda a sua governação.
Após a conclusão dos estudos em Viseu, o jovem Salazar em 1910 muda-se para estudar Direito, na Universidade de Coimbra. É nesta fase que ganha alguma notoriedade através do Centro Académico de Democracia Cristã e conhece Manuel Gonçalves Cerejeira que viria a ser Cardeal Patriarca de Lisboa e um grande amigo de Salazar.
Em 1917 aceita a regência da cadeira de Economia Política e Finanças e os seus ideais políticos depressa se fizeram conhecer.salazar1
A Primeira República atravessava dificuldades e Salazar admitia que o problema português resultava da carência de três elementos: competência, valores e direcção. O seu nome, depois da 1ª Guerra Mundial, tornou-se conhecido, tanto pela sua competência como professor, como pelas suas opiniões sobre a necessidade de habilitação de quadros administrativos, fortalecendo e qualificando o Estado, sem prejudicar a sua dependência pela moral e pela lei. Quando a 28 de Maio de 1926 se deu a revolta que instaurou a Ditadura Militar, Salazar foi chamado para encabeçar a pasta das Finanças. Impôs, então, que se instala-se como que uma “ditadura” do Ministério das Finanças sobre as despesas do Estado, colocando em cheque os seus movimentos. Quando mais tarde um novo governo, tutelado por Vicente de Freitas, se constituiu, Salazar assumiu de novo a pasta das Finanças. As suas exigências eram radicais: cada ministério organizava os seus serviços dentro das verbas que o ministério das Finanças lhe atribuía. Para Oliveira Salazar, os problemas do País eram, numa ordem orientada, o financeiro, o económico, o social e o político. Desta forma o equilíbrio financeiro aumentaria a estabilidade da moeda, estimularia a produção, criando, então, condições para a resolução das questões sociais e políticas.
Depressa as suas medidas se revelariam eficazes. Estabilizado o orçamento, reduzida a dívida pública, refeito o sistema tributário, reformadas as pautas e reorganizado o crédito, ficou ainda, o problema político.
Como solução em 1930, enunciava os princípios fundamentais da reforma política e a nova constituição corporativa, colocando de parte o individualismo, o socialismo e o parlamentarismo. Colocava em destaque a doutrina social da Igreja, a importância do poder executivo e a concepção de um Estado forte, embora subordinado à moral e ao direito. Foi à volta destes ideais que formou a União Nacional.
Defensor do corporativismo, da autoridade suprema do Estado, da tradição e dos bons costumes, recusa, por sua vez, o socialismo, o parlamentarismo, a democracia, considerando que os valores e os ideais de cada indivíduo são um obstáculo para o progresso do país. Determinado apressa-se a criar a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), regulamenta o exercício da liberdade de associação e manifestação, reorganiza a censura e lança um grande e definitivo ataque à liberdade sindical.
A nível nacional, mantinha-se à sua volta, uma oposição intransigente republicana democrática, socialista, comunista, sindicalista; a nível internacional, situações contraditórias aconteciam como a subida de Hitler ao poder e a eleição de Roosevelt, originando um tempo de receio de mudanças políticas. Foi esta situação que aumentou o número de apoiantes e diminuiu a força dos seus opositores: Salazar torna-se Presidente do Conselho em 1932, equivalente aos dias de hoje a Primeiro-Ministro, aprovando a Constituição de 1933, logo seguido do Estatuto do Trabalho (1933). Inicia-se, então, o Estado Novo.
O auge da oposição a Salazar concretizou-se com a candidatura do General Humberto Delgado; entretanto, enquanto a oposição activa se transferia para o estrangeiro, realçou-se uma debilidade relativamente à questão colonial, depois do despoletar de revoltas em Angola, Moçambique e Guiné.
Determinou, então, que era necessário para o país a defesa desse Ultramar, considerado essencial para o povo português e para a sua glorificação.
Em 1968, caiu da sua cadeira e teve um acidente cerebral, Américo Tomás chama, então, ao governo Marcello Caetano, que dará início a um novo período do regime. Salazar sobrevirá ainda dois anos à sua morte política, mas ninguém terá tido coragem de lhe dizer que já não chefiava o Governo. Morreu assim iludido, um homem que tendo derrubado muitos caiu sozinho. Figura muito polémica da nossa História, e que por isso ainda hoje desperta paixões e juízos variados, Salazar foi sem dúvida um homem inteligente e de vincada vontade, que fugia ao contacto das multidões e odiava a desordem, e que, à sua maneira, se dedicou totalmente à sua pátria, sem nunca se ter casado, e tendo apenas por uma vez visitado o estrangeiro.

Fontes:
- www.wikipedia.org
- www.infopedia.pt
- www.google.com
- "Pequeno Dicionário de História de Portugal"


TABELA CRONOLÓGICA
  • 1757 - Nasce o General Gomes Freire de Andrade
  • 1768 - Nasce William Carr Beresford
  • 1807 - Primeira invasão Francesa (Junot)
  • 1809 - Segunda invasão Francesa (Soult)
  • 1810 - Terceira invasão Francesa (Massena)
  • 1811 – Retirada Francesa
  • 1817 – Execução do General Gomes Freire de Andrade
  • 1854 - Morre William Carr Beresford
  • 1889 - Nasce António de Oliveira Salazar
  • 1926 - Nasce Luís de Sttau Monteiro
  • 1933 – Regime do Estado Novo
  • 1965 – Assassinato de Humberto Delgado
  • 1968 – Tomada de posse de Marcello Caetano
  • 1970 - Morre António de Oliveira Salazar
  • 1974 – Revolução de Abril
  • 1993 - Morre Luis de Sttau Monteiro

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