Felizmente há luar!

Ponto de encontro de saberes e dúvidas, local de partilha de informação.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Temáticas sobre "Felizmente Há Luar"

A
1 - Invasões Francesas
No início do século XIX toda a Europa estava em guerra. As duas grandes potências europeias lutavam pela hegemonia do Velho Continente, a França dominava em terra, a Inglaterra era senhora dos mares. No final de 1806, Napoleão impôs o Bloqueio Continental, os portos continentais deviam encerrar aos navios, mercadorias e comerciantes ingleses criando assim dificuldades ao aparelho produtivo e mercantil britânico. Quase toda a Europa subjugada ao domínio napoleónico aderiu, mas apenas dois reinos não respeitavam o Decreto de Berlim, a Rússia e Portugal.
Os russos, depois das derrotas de Eylau (8.Fev.1807) e Friedland (14.Jun.1807), foram obrigados a assinar o Tratado de Tilsit (7.Jul.1807). Só Portugal escapava a Napoleão. A costa portuguesa, os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde e as colónias, sobretudo Guiné, Angola e o Brasil, eram cruciais para Napoleão e para a sua estratégia de enfraquecer a Inglaterra, velha aliada e principal parceira comercial de Portugal. Por isso, Napoleão decidiu invadir Portugal.
Primeiro mandou Junot, em 20 de Novembro de 1807. Foi um fracasso, não conseguiu prender a Família Real nem conseguiu aprisionar a frota portuguesa, tão importante que seria para fazer frente à armada inglesa, mas apesar disso, durante 5 meses governou Portugal. Se de início as reformas foram bem aceites e tudo parecia correr-lhe de feição, com o decorrer do tempo algumas medidas anti-populares e o pulso de ferro imposto criaram um profundo mal-estar levando a que, pelo país, e à semelhança do que se passava em Espanha, surgissem levantamentos antifranceses. Com a chegada do auxílio inglês, sob o comando do general Arthur Wellesley, vieram as vitórias anglo-lusas nas batalhas de Roliça (17 de Agosto) e do Vimeiro (21 de Agosto) e Junot foi obrigado a assinar a sua capitulação na Convenção de Sintra, a 30 de Agosto de 1808.
Depois, em 10 de Março de 1809, veio Soult. Foi, acima de tudo, o prolongamento da acção que os franceses tinham desencadeado com sucesso, na Corunha, e que levara ao desmantelamento das tropas britânicas de John Moore. Soult conseguiu atingir o Porto a 29 de Março. Os britânicos, chegaram pouco tempo depois, obrigaram o exército francês a fugir, de forma atabalhoada, abandonando o território nacional por Chaves, em meados de Maio. Pouco mais de dois meses durou a segunda tentativa francesa de dominar Portugal.
Finalmente, em 24 de Julho de 1810, Napoleão fez uma nova tentativa para conquistar Portugal. À frente das tropas vem Massena, Marechal de França, Duque de Rivoli, Príncipe de Essling, entrou em Portugal pela fronteira da Beira. Conquistou Almeida e enfrentou, de novo, o exército anglo-luso no Buçaco. Apesar de derrotado conseguiu ladear as forças aliadas e progrediu para Sul. Foi ao aproximar-se de Lisboa que Massena encontrou pela frente as Linhas de Torres, que eram um conjunto de pequenos fortes que se estendiam do Tejo ao mar, com o objectivo de defender Lisboa de uma previsível invasão do exército francês. Pedra angular da estratégia preconizada pelo Duque de Wellington, são consideradas por muitos historiadores como o mais eficiente sistema de fortificações de campo da História Militar, com a particularidade de só terem custado 100.000 libras, um dos investimentos mais baratos de toda a História Militar.
A primeira linha ia de Alhandra, passando por Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, até à foz do rio Sizandro e tinha cerca de 60km. A segunda linha, com cerca de 40km, ia de Santa Iria da Azóia até à Ericeira, e passava por Vialonga, Cabeço de Montachique e Tapada de Mafra. A terceira linha fazia um arco de círculo, começava um pouco antes de Algés e ia até São Julião da Barra. Tinha cerca de 3km.
Sem forma de as ultrapassar, enfrentando a rebelião dos seus oficiais, a fome e a doença dos seus soldados e o frio e a chuva, Massena iniciou a sua retirada na noite de 15 de Novembro, a coberto do nevoeiro, deixando bonecos de palha no lugar dos soldados. Perseguido pelas forças aliadas abandonou Portugal no dia 5 de Abril de 1811.
A confiança neste estrutura de defesa era de tal modo elevada que as chefias estavam sediadas dentro dela, para que assim, além de estarem salvaguardados de qualquer ataque pudessem também comandar as tropas de uma maneira mais eficaz. Desse modo, o quartel-general de Wellington ficou instalado em Pêro Negro, a cerca de 20 minutos, a cavalo, do Forte Grande do Alqueidão. As instalações do general Williams Carr Beresford, comandante do exército português, ficavam cerca de 1,5km a sul, em Casal Cochim, num pequeno palacete dos finais do séc. XVIII.
Perto de Pêro Negro fica o Monte do Socorro, onde existiu um telégrafo de sinais, operado por especialistas da marinha, que enviava mensagens em cerca de três minutos até ao flanco esquerdo ou direito das linhas e de um flanco ao outro em cerca de sete minutos.

Fonte: http://itenerante.pt

2 - Conselho de Regência; Regência inglesa
O Conselho de Regência de 1807 é a designação pela qual ficou conhecido o Conselho de Regência ordenado pelo Príncipe Regente D. João a 26 de Novembro de 1807, três dias antes da transferência da corte para o Brasil.
O Conselho era composto por: 
  • Marquês de Abrantes, Presidente.
  • Francisco de Melo da Cunha de Mendonça e Meneses, Tenente-General do Exército.
  • Principal Castro, Conselheiro e Regedor das Justiças.
  • Pedro de Mello Breyner, Presidente do Real Erário.
  • D. Francisco de Noronha, Tenente General e Presidente da Mesa da Consciência e Ordens.
  • 2.º Conde de Sampaio, primeiro Secretário.
  • Miguel Pereira Forjaz, Secretário substituto.
  • João António Salter de Mendonça, Desembargador do Paço e Procurador da Coroa.
Com a ida da família real para o Brasil, a situação em Portugal ficou drástica. A regência portuguesa era manipulada pelo Marechal e Comandante-chefe do exército luso, o inglês William Carr Beresford, onde era marcada pela tirania, submetendo o país a uma forte organização militar e colocando os oficiais britânicos nos mais altos postos, enquanto os oficiais portugueses eram preteridos nas suas promoções, agravando-se assim a crise económica, a fome e a miséria. Esses factores provocaram a chamada Revolução Liberal do Porto em 1820, provocada pelas ideias revolucionárias do liberalismo, que contagiava a burguesia lusa.

Fonte: http://pt.wikipedia.org

B – Principais referências biográficas

1 - William Carr Beresford, nasceu na Irlanda a 2 de Outubro de 1768. Foi um militar irlandês severo e disciplinador, enviado pela Grã-Bretanha para reorganizar o exército português, após a primeira invasão francesa, preparando-o para resistir às tropas napoleónicas. Anteriormente, tinha sido governador e comandante-chefe, durante seis meses, na Madeira, para evitar a ocupação da ilha pelos franceses. Rejeitava as novas ideias liberais, imaginava conspirações e reprimia-as severamente.
Serviu o seu país em diferentes batalhas:
  • No Exército britânico em Toulon (1793)
  • Foi coronel do 88º Regimento no Egipto (1801)
  • Foi brigadeiro no Cabo da Boa Esperança (1806)
  • Ocupou a Madeira (1807)
  • Fez uma expedição a Corunha (1809)
Foi em Portugal Marquês de Campo Maior, título recebido por decreto de 17 de Dezembro de 1812 de D. Maria I, Conde de Trancoso e Visconde de Beresford na Grã-Bretanha. Era de grande estatura e corpulento, sendo a presença realçada por um rosto muito irregular e de aparência algo sinistra, pois tinha o olho esquerdo vazado por um tiro, o que surpreendia os interlocutores. Nomeado Marechal do Exército em Março de 1809 pelo Conselho de Regência, Beresford aproveitou a reorganização das forças militares criada por D. Miguel Pereira Forjaz, para a adaptar ao serviço de campanha do exército britânico.
Encontrou o exército desfalcado em Portugal pela ausência dos comandos no Brasil e na Legião Portuguesa, e pela relativa velhice e ineficácia de muitos dos oficiais recorreu à atribuição de comandos a oficiais britânicos. Como outras medidas, Beresford criou os depósitos de recrutamento em Peniche, Mafra e Salvaterra, presidiu à distribuição das novas armas e equipamentos, introduziu Ordens do Dia para informar o exército e apurar a disciplina, executando mandatos de prisão e de execução sumária sem julgamento em tribunal militar, como louvores e promoções por mérito.
Em 1817, após rumores de uma conspiração que pretendia o regresso do rei e que se manifestava contrária à presença inglesa, mandou matar os conspiradores (entre eles o General Gomes Freire de Andrade). Em 2 de Maio de 1820, deslocou-se, pela segunda vez, ao Brasil para pedir mais poder a D. João VI.
No regresso do Rio de Janeiro pela nau Vengeur, ancorada no Tejo em 10 de Outubro de 1820, Beresford foi impedido pela Junta de desembarcar em Lisboa e regressou à Grã-Bretanha.
Morreu em Bedgebury na Inglaterra a 8 de Janeiro de 1854.

Fonte: http://wikipedia.org

2 - Gomes Freire de Andrade, nasceu em Viena a 27 de Janeiro de 1757. Foi um general português, herói nacional, lutador pela liberdade e soberania portuguesa.
Era filho de António Ambrósio Freire de Andrade e Castro, embaixador de Portugal na corte austríaca, e da condessa Von Schaffgotsch, oriunda de uma antiga e ilustre família nobre da Boémia.
Teve a educação que na época se costumava dar aos filhos da nobreza. O seu pai, foi um excelente colaborador do Marquês de Pombal na campanha contra a Companhia de Jesus, sendo o filho Gomes Freire enviado para Portugal com 24 anos de idade, em Fevereiro de 1781, já com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Destinado à carreira militar, assentou praça de cadete no regimento de Peniche, sendo em 1782 promovido a alferes. Passou à Armada Real, embarcando em 1784 na esquadra que foi auxiliar as forças navais espanholas de Carlos III no bombardeamento de Argel.
Regressou a Lisboa em Setembro, promovido a tenente do mar da Armada Real, e em Abril de 1788 voltou ao antigo regimento no posto de sargento-mor. Tendo alcançado licença para servir no exército de Catarina II, em guerra contra a Turquia, partiu para a Rússia. Em São Petersburgo terá conquistado as maiores simpatias na corte e da própria imperatriz. Na campanha de 1788-1789, comandada pelo príncipe Potemkin, ter-se-á distinguido nas planícies do rio Danúbio, na Guerra da Criméia e sobretudo no cerco de Oczakow, alegadamente o primeiro a entrar na frente do regimento quando a praça se rendeu em 17 de Outubro de 1788 depois de cerco prolongado. Na hora das condecorações esqueceram-se dele, negando-lhe a Comenda de S. Jorge. Mas ele protestou e pede atestados de heroísmo ao coronel Markoff, e a imperatriz condescende atribuindo-lhe o posto de coronel do seu exército, que em 1790 lhe foi confirmado no exército português, mesmo na sua ausência.
Mais tarde, na esquadra do Príncipe de Nassau, salva-se milagrosamente durante a batalha naval de Schwensk, quando os canhões suecos afundam a "bateria flutuante" que ele comandava. Perdeu-se toda a tripulação, mas Gomes Freire conseguiu salvar-se, acabando por receber o hábito de São Jorge, uma das Ordens mais importantes da Rússia.
Voltou a Lisboa, nomeado Coronel do regimento do Marquês das Minas, prestes a embarcar para a Catalunha, na divisão que Portugal enviou para auxiliar Espanha contra a República francesa e que chegou em 11 de Novembro de 1793. Nesta expedição iam estrangeiros, o Duque de Northumberland, General de Inglaterra, o Príncipe do Luxemburgo Montmorency, o Conde de Chalons, o Conde de Liautaud. O Regimento de Gomes Freire de Andrade e o de Cascais ocuparam a povoação de Rebós, onde o exército espanhol estava quase a capitular. A acção do Regimento terá sido brilhante, apesar do mau desempenho de Gomes Freire de Andrade, carregando os franceses com brio em combate a 26 de Novembro de 1793. Em Arles, acampou em quartéis de inverno o seu Regimento e o de Cascais, que constituíam a 2° Brigada, comandada por ele. Foi aí que se começou a evidenciar o espírito indisciplinado e irrequieto, desordeiro e intrigante de Gomes Freire.
Mas apesar das vitórias do exército hispano-português sobre os republicanos da Convenção, a guerra do Roussillon ia tornar-se numa armadilha, os espanhóis tinham 18 mil feridos em hospitais e os portugueses mil homens fora de combate, enquanto os franceses recebiam constantes reforços. Em 29 de Abril de 1794 o General Dugommier atacou a esquerda do exército espanhol composta por militares da divisão portuguesa, que conseguiram suster o ataque, salvando assim o exército espanhol.
Regressado a Portugal, veio a integrar a Legião Portuguesa criada por Junot e que, sob o comando do Marquês de Alorna, partiu para França em Abril de 1808, onde vem a ser recebida por Napoleão Bonaparte no dia 1 de Junho.
Acusado de liderar uma conspiração liberal e nacionalista contra a monarquia absoluta de João VI, instrumentalizada em Portugal continental pela Regência, em concordância com o governo militar britânico de Beresford, Gomes Freire de Andrade foi detido como traidor nacional e enforcado junto com outras onze pessoas.
Após o julgamento e a sua execução, Beresford deslocou-se ao Brasil para pedir maiores poderes. Havia pretendido suspender a execução da sentença até que fosse confirmada pelo soberano mas a Regência, melindrando-se de semelhante insinuação como se sentisse intuito de diminuir-se-lhe a autoridade, imperiosa e arrogante ordena que se proceda à execução imediatamente.
Este procedimento brutal da Regência e de Lord Beresford, comandante em chefe britânico do Exército português e regente de facto do reino de Portugal, levou a protestos e intensificou a tendência anti-britânica, o que conduziu o país à Revolução do Porto e à queda de Beresford.
Morreu no Forte de São Julião da Barra a 18 de Outubro de 1817.

Fonte: http://wikipedia.org

3 – António de Oliveira Salazar, nasceu em Santa Comba Dão a 28 de Abril de 1889. Para os pais, um casal de agricultores, era a resposta às suas preces. Maria do Resgate, de 44 anos, dera à luz quatro filhas e já quase perdera as esperanças de deixar no mundo um filho varão. Tratado quase como um príncipe, teve direito a aulas particulares até à entrada no seminário diocesano de Viseu, em 1900. A sua inteligência e vontade de aprender deram frutos, obteve a equivalência do liceu com 19 valores e decidiu-se pelo curso de Direito, em Coimbra, onde viria também a dar aulas. Na cidade dos estudantes fez uma das suas poucas amizades, que manteve ao longo da vida, o padre e futuro Cardeal Cerejeira.
Durante esse período, Salazar liga-se à ala católica, anti-republicana. Faz parte do Centro Académico da Democracia Cristã e escreve artigos de opinião em jornais ligados à Igreja. É, assim, com naturalidade, que concorre por Guimarães como deputado ao Parlamento, mas apenas ocupa o cargo durante três dias.
Salazar regressa à sede do poder em 1926, a crise económica entretanto instalada, e a instabilidade política da I República tinham levado ao golpe militar de 28 de Maio. Professor de Coimbra, muito considerado, recebe o convite para ocupar o cargo de Ministro das Finanças, cargo que ocupou apenas durante 13 dias por não ver satisfeitas as condições que impusera como indispensáveis.
Menos de dois anos depois, o convite é repetido, exige em contrapartida o controlo sobre as despesas e receitas de todos os ministérios. Entre 1928 e 1929 consegue um saldo positivo nas finanças públicas.
Em 1930, como alternativa à ditadura militar, imposta em 1926, e às sucessivas revoltas da oposição democrática, Salazar funda a União Nacional, preparando-se assim para ascender ao poder sob o lema “tudo pela Nação, nada contra a Nação”.
Político exímio, o ministro das Finanças da ditadura militar consegue afastar os sucessivos presidentes do conselho de ministros militares nomeados e acaba por assumir o governo do País em Abril de 1932.
No ano seguinte, faz ratificar uma nova Constituição, apesar de uma abstenção de 40% (considerados votos a favor). O seu poder pessoal passa a assentar em bases sólidas. Cria a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE), mais tarde Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), uma polícia política. Proíbe as oposições e impõe, com o partido único, um regime totalitário. Chama a si o despacho directo dos pelouros sensíveis, onde se inclui a propaganda e a censura. Em Portugal não havia suicídios, porque a censura censurava os suicídios. Não havia conflitos sociais, porque a censura censurava os conflitos, enfim Salazar tentou criar a imagem de uma sociedade perfeita.
A vontade de mudança surge com o fim da II Guerra Mundial em 1945, e em 1949 com a criação do Movimento de Unidade Democrática (MUD), mas sobretudo em 1958, nas eleições presidenciais. O general Humberto Delgado, que fora seu activo colaborador, reúne à sua volta a oposição e provoca uma onda anti-salazarista. O chefe do Conselho de Ministros defende-se, reforçando a acção repressiva. Altera a Constituição e torna a eleição presidencial dependente de um colégio eleitoral da confiança do regime.
Com a perda da Índia Portuguesa, em 1962, e o início da guerra em África, em 1961, Salazar viu ainda mais agravado o descontentamento povo português.
Em 1968 a guerra em África matava os mesmos homens e os seus filhos que Salazar dizia ter salvado do conflito da II Guerra Mundial. A opinião pública já não o favorecia. Mas permaneceu no cargo. Até cair de uma cadeira. O que parecia não ter deixado mazelas transformou-se num hematoma craniano. Operado com urgência, sofre um acidente cardiovascular. É declarado incapaz e foi exonerado do cargo.
Morreu em Lisboa a 27 de Julho de 1970.

Fonte: http://pt.wikipedia.org

4 - Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro, nasceu em Lisboa a 3 de Abril de 1926.
Com dez anos, foi para Londres com o pai, que exercia funções de embaixador de Portugal. Regressa a Portugal em 1943, no momento em que o pai é demitido do cargo por Salazar. Licenciou-se em Direito em Lisboa, exercendo advocacia por algum tempo. Depois, volta a Londres, onde se torna um condutor de fórmula 2. Mas é em Portugal onde dá os primeiros passos na literatura, colabora em várias publicações, destacando-se a revista Almanaque e o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, cria a secção “Guidinha” no mesmo jornal.
Em 1961, publicou a peça de teatro “Felizmente Há Luar”, distinguida com o Grande Prémio de Teatro. Porém, a representação foi proibida pela censura. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional. A peça foi um grande sucesso, tendo sido vendidos 160 mil exemplares. Em 1967, Luís de Sttau Monteiro foi preso pela PIDE após a publicação das peças de teatro “A Guerra Santa” e “A Estátua”. Estas eram sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial.
Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós “A Relíquia”, representada no Teatro Maria Matos. Mais tarde escreveu também o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão”, adaptada como novela televisiva em 1982 com o título “Chuva na Areia”.
Morreu em Lisboa, no dia 23 de Julho de 1993.
Obra:
Ficção
  • 1960 - Um Homem não Chora
  • 1961 - Angústia para o Jantar
  • 1966 - E se for Rapariga Chama-se Custódia
Teatro
  • 1961 - Felizmente há Luar!
  • 1963 - Todos os Anos, pela Primavera
  • 1965 - O Barão (adaptação teatral da novela de Branquinho da Fonseca)
  • 1966 - Auto da Barca do Motor fora da Borda
  • 1967 - A Guerra Santa
  • 1967 - A Estátua
  • 1968 - As Mãos de Abraão Zacut
  • 1971 - Sua Excelência
Fonte: http://pt.wikipedia.org

Resumo da peça: Teatro dramático / Peça em II actos
Acção
A peça de Sttau Monteiro fala de uma comparação de ambientes políticos que se faziam viver em diferentes épocas, uma nos inícios do século XIX, mais precisamente em 1817, onde existia uma conspiração encabeçada por Gomes Freire de Andrade, que pretendia o regresso do Brasil do rei D. João VI e que se manifestava contra a presença dos rivais ingleses em território Português, mas foi descoberto e reprimido com muita severidade, todos os que conspiravam eram acusados de traição à pátria e eram enforcados e depois queimados publicamente onde os habitantes de Lisboa eram convidados a assistir, para que pudesse servir de exemplo. A outra época que é retratada na peça e que assume um conteúdo fortemente ideológico, é ao denunciar a opressão que se vivia na altura em que o mesmo escrevia esta obra, 1961, fazendo assim referência à ditadura de Salazar.
Sttau Monteiro faz esta distanciação histórica para fazer a descrição das injustiças praticadas no século XIX em que decorre a acção do livro, para assim poder colocar também em destaque as injustiças do seu tempo e a necessidade de lutar pela liberdade de todos.
A acção desta tragédia começa pela defesa da liberdade e da justiça, assistimos ao sofrimento e compaixão causados pela prisão dos conspiradores, o auge dá-se com o crescendo representado pelas tentativas desesperadas para obter o perdão e a absolvição do general e finalmente assistimos ao despertar dos oprimidos para os valores da liberdade e da justiça.
No primeiro acto, temos dois núcleos, os apoiantes de Gomes freire de Andrade e os que lhe são hostis. No primeiro núcleo encontramos representado o povo, mas este povo não era unânime, havia aqueles que não o apoiavam e que se encontravam no segundo núcleo tal como os delatores, a polícia, os governadores e os representantes da Igreja, o que não é de estranhar pois tratava-se de pessoas ou instituições que se sentiam confortáveis na posição que detinham e por isso não queriam quaisquer alterações ao seu estatuto social.
No segundo acto, o povo abandona Gomes Freire de Andrade ao seu destino, já não acredita nele pois viu como ele foi vítima das suas convicções, tendo sido preso e executado. O povo está desanimado e desiludido. Neste primeiro núcleo destacam-se, apesar de tudo, Matilde a mulher do general condenado e António de Sousa Falcão o melhor amigo. Estão unidos pela fidelidade ao general. Matilde, para além de tudo, continua a lutar contra as forças adversas, ela é a personagem que transmite o amor, o ódio e a sinceridade admitindo mesmo que a valentia, a justiça e a lealdade não proporcionam o reconhecimento do mérito. O segundo núcleo exerce uma actividade esporádica que basicamente é dispersar o povo e impedir os movimentos de solidariedade para com o general.

Caracterização das personagens

Gomes Freire de Andrade - protagonista da história (embora nunca apareça), General brilhante, símbolo da esperança e da liberdade de um povo cada vez mais revoltoso, crente na justiça e na luta pela liberdade, amado pelo povo, mas acaba como o anti-herói.
Matilde - (mulher de Gomes Freire) corajosa, sincera, revoltada, apaixonada pelo marido, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, mas sempre lutadora.
Povo - era um povo triste, vivia no medo, faziam-se de ignorantes perante a exploração das vítimas, muitas vezes acusado de conspiração, mas ao mesmo tempo vítima de conspiração, representa uma personagem colectiva.
Sousa Falcão - amigo inseparável, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias de Gomes Freire, mas não teve a coragem do General, fiel ao seu amigo.
Manuel - denunciante da opressão a que o povo esta sujeito, é corajoso.
Vicente - Sarcástico, demagogo, falso humanista, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, interesseiro, traidor, desleal (acabando por ser promovido pelo regime).
Beresford - (Marechal inglês, governador regente na ausência do Rei), pessoa poderosa, sarcástico, destacou-se pelo autoritarismo e pela repressão.
D. Miguel Forjaz - (Nobre e também governador), pessoa assustada, corrompido pelo poder, vingativo, calculista, primo de Gomes Freire, prepotente e autoritário.
Principal Sousa - (Representante do Clero e também governador) fanático, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses.
Frei Diogo - (Representante do clero) homem sério, pessoa honesta é o contraposto do principal Sousa.

Símbolos

Saia verde - A saia encontra-se associada à felicidade e foi comprada numa terra de liberdade, Paris.
A luz - como metáfora do conhecimento dos valores do futuro (igualdade, fraternidade e liberdade), que possibilita o progresso do mundo, vencendo a escuridão da noite (opressão, falta de liberdade e de esclarecimento), é referida em relação há fogueira e ao luar. Representa a esperança num momento trágico.
Luar - tem duas mensagens: para os opressores, mais pessoas ficarão avisadas e para os oprimidos, mais pessoas poderão um dia seguir essa luz e lutar pela liberdade.
Fogueira - tem duas perspectivas: para D. Miguel Forjaz é um ensinamento ao povo; para Matilde a chama mantém-se viva e a liberdade há-de chegar.
O fogo - é um elemento destruidor e ao mesmo tempo purificador. Se no presente a fogueira se relaciona com a tristeza e a escuridão, no futuro relacionar-se-á com esperança e a liberdade.
Moeda de cinco reis - símbolo do desrespeito que os mais poderosos mantinham para com o próximo, contrariando os mandamentos de Deus.
Tambores - símbolo da repressão sempre presente.

Conclusão

“Felizmente há Luar”, é um drama narrativo de carácter social, é um livro que exprime a revolta contra o poder absoluto e mostra o direito que cada cidadão tem de transformar a sociedade que habita.
"Felizmente há luar", transmite ao leitor os problemas sociais e políticos que Portugal vivia e que não eram apenas no inicio do século XIX nem quando Portugal vivia sobre o regime ditatorial de Salazar, mas sim para todos os regimes políticos e situações repressivas. Luís de Stau Monteiro usa a personagem de "Matilde" para transmitir a sua voz.
Esta obra é intemporal, porque nos remete para a luta do ser humano contra a tirania, a injustiça e todas as formas de perseguição que uma pessoa pode imaginar, por mais que pudessem ser os tempos em que nos podemos colocar na historia de Portugal, existiram sempre “ditaduras”, formas para tirar a liberdade do cidadão e não o deixar exprimir-se livremente, o mesmo ainda se passa nos tempos de hoje, nalguns lugares do Mundo.
Falta realçar que esta peça embora tenha como cenário o ambiente político do século XIX, também pretende denunciar a opressão e as injustiças que se viviam na época em que foi escrita, sob a ditadura de Salazar.

Fonte: Livro “Felizmente há Luar” – Areal editores, 2007

C – Tabela cronológica

20/Nov. /1807 – Primeira invasão francesa.
26/Nov. /1807 – Nomeação do Conselho de Regência para governar Portugal.
29/Nov. /1807 – Partida da família Real para o Brasil.
17/Ago. /1808 – Batalha de Roliça.
21/Ago. /1808 – Batalha do Vimeiro.
30/Ago. /1808 – Convenção de Sintra estabelecida entre os exércitos francês e britânico.
10/Mar. /1809 – Segunda invasão francesa.
_ /Mar./1809 – Beresford é nomeado Marechal do exército pelo conselho de Regência.
24/Jul. /1810 – Terceira invasão francesa.
27/Set. /1810 – Batalha do Buçaco.
11-13/Out. /1810 – O exército francês chega às Linhas de Torres Vedras.
15-18/Nov. /1810 – O exército francês retira-se das Linhas de Torres Vedras.
17/Dez. /1812 – Beresford recebe o título de Marquês de Campo Maior atribuído por D. Maria I.
02/Mai. /1820 – Beresford desloca-se ao Brasil pela segunda vez para pedir mais poder a D. João VI.
24/Ago. /1820 – Revolução Liberal do Porto.
10/Out. /1820 – Beresford é impedido pela Junta de desembarcar em Lisboa.
27/Jan. /1757 – Nasce em Viena, Gomes Freire de Andrade.
02/Out. /1768 – Nasce na Irlanda, William Carr Beresford.
- /Fev. /1781 – Gomes Freire de Andrade é enviado para Portugal.
18/Out. / 1817 – Morre no Forte de São Julião da Barra por enforcamento, Gomes Freire de Andrade.
08/Jan. /1854 – Morre em Inglaterra, William Carr Beresford.
28/Abr. / 1889 – Nasce em Santa Comba Dão, António de Oliveira Salazar.
03/Abr. / 1926 – Nasce em Lisboa, Luís Infante de Lacerda de Sttau Monteiro.
28/Mai. /1926 – Revolta militar, fim da Primeira República portuguesa.
- /Jun. /1926 – Salazar ocupa o cargo de Ministro das Finanças pela primeira vez.
27/Abr. /1928 – Salazar é nomeado Ministro das Finanças pela segunda vez.
30/Jul. 1930 – Salazar funda a União Nacional.
19/Mar. /1933 – Salazar rectifica a constituição e cria o Estado Novo.
- /Jul. /1932 – Salazar ascende a presidente do Conselho de Ministros.
04/Fev. /1961 – Início da Guerra Colonial.
- /- /1961 – Sttau Monteiro escreve a peça de teatro “Felizmente Há Luar”.
- /- /1967 – Sttau Monteiro é preso pela PIDE.
03/Ago. /1968 – Salazar sofre um hematoma craniano, após ter caído de uma cadeira.
27/Jul. /1970 – Morre em Lisboa, António de Oliveira Salazar.
- /- /1978 – Primeira representação de “Felizmente Há Luar”, no Teatro Nacional.
23/Jul. /1993 – Morre em Lisboa, Luís Infante de Lacerda de Sttau Monteiro.

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